Última refeição

Há 46 milhões de anos, uma mosquitinha tinha acabado de se alimentar quando caiu em uma poça de óleo e morreu. Com o passar do tempo, o óleo endureceu e o inseto ficou preservado. Hoje, está no Museu de História Natural de Washington, nos Estados Unidos, e é o único registro de um mosquito pré-histórico que traz na barriga a sua última refeição: sangue!

No ventre do pequeno mosquito fóssil de aproximadamente um centímetro, paleontólogos encontraram sangue preservado por 46 milhões de anos (Foto: Tim Rose/NMNH)

No ventre do pequeno mosquito fóssil de aproximadamente um centímetro, paleontólogos encontraram sangue preservado por 46 milhões de anos (Foto: Tim Rose/NMNH)

Assim que o fóssil do mosquito foi descoberto, em Montana, Estados Unidos, os pesquisadores viram que sua barriga estava cheia. Mas eles não podiam confiar só na visão – por isso, colocaram o fóssil dentro de uma máquina chamada espectrômetro de massa, que disse exatamente todas as substâncias ali presentes. Ficou provado que era sangue o conteúdo do ventre do mosquito!

O paleontólogo responsável pela pesquisa, Dale Greenwalt, diz que ficou muito surpreso com a descoberta, pois foram necessárias condições muito específicas e raras para que o mosquito ficasse tão bem preservado.

O mosquito ficou preservado em óleo de xisto petrificado (Foto: Tim Rose/NMNH)

O mosquito ficou preservado em óleo de xisto petrificado (Foto: Tim Rose/NMNH)

“A barriga de um mosquito que acabou de se alimentar de sangue é como um balão pronto para explodir, muito frágil”, explica. “As chances de que um mosquito com barriga cheia não se desintegre no processo de fossilização são infinitamente mínimas. A barriga dele tinha tudo para estourar quando ele caiu no óleo.”

O fóssil do mosquito é tão antigo que o sangue dentro de sua barriga já está sequinho e bem deteriorado. Por causa disso, não dá para os cientistas descobrirem de qual animal ele veio. Se você pensou em um dinossauro, Dale avisa que isso não é possível, pois esses animais foram extintos cerca de 20 milhões de anos antes de o mosquito picar sua vítima. O pesquisador acredita que o inseto encontrado se alimentava do sangue de aves, que já existiam naquela época.

Cardápio especial
Nem todas as espécies de mosquitos se alimentam de sangue. Muitos desses insetos comem néctar de flores, seiva de árvores e suco de frutas. Mesmo entre as espécies hematófagas (que se alimentam de sangue), são apenas as fêmeas que picam outros animais. O sangue funciona para elas como uma supervitamina que bebem na época do acasalamento: a bebida fornece os nutrientes necessários para que os seus ovos se desenvolvam e nasçam filhotes bem saudáveis!