Basta não chover para que as praias do Rio de Janeiro, mesmo no inverno, fiquem cheias de cariocas e turistas. Porém, nas últimas semanas, alguns visitantes inusitados invadiram as águas e as areias do litoral mais famoso do mundo: os pinguins-de-magalhães, uma espécie muito comum no sul do continente americano e que, às vezes, chega por engano na costa do sudeste do Brasil.
Os pinguins-de-magalhães podem ter como local de origem o Chile, as Ilhas Malvinas e, principalmente, a Argentina. Ao contrário do que imaginamos, esta não é uma espécie de pinguim que gosta do gelo – esses animais vivem em regiões rochosas ou em praias da Patagônia, onde constroem tocas.
Segundo o biólogo Salvatore Siciliano, do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos da Fundação Oswaldo Cruz, os filhotes dessa espécie nascem na primavera. Ao final do ano, já emplumados e crescidos, vão para o mar à procura de alimentos. “O normal é chegarem ao Rio Grande do Sul e à Santa Catarina, mas alguns são levados pela corrente marinha das Malvinas até o Rio de Janeiro”, alerta Salvatore (saiba mais sobre as correntes oceânicas na CHC 201).
Sua avó já dizia que “nadar contra a corrente” é bem difícil, e para os pinguins não é diferente. A corrente marinha das Malvinas é muito forte e os animais não têm força para escapar dela. Quando chegam ao Rio ou a São Paulo, muitos deles estão fracos e cansados.
“Essa espécie de pinguim pesa entre quatro e cinco quilos. Quando chegam por aqui, estão com a metade do peso deles”, conta Salvatore. Os pinguins, então, vão à praia para tomar sol e descansar, após nadarem por dias ou até semanas sem folga.
Então, se, por acaso, você encontrar um pinguim na praia, não mexa com ele. Lembre-se de que ele deve estar perdido e muito cansado. O melhor a fazer é chamar o corpo de bombeiros, que sabe como recolher o animal e onde buscar ajuda especializada. “Os especialistas darão remédios contra vermes e inflamações e alimentarão os pinguins até recuperarem seu peso”, explica Salvatore. “Depois de recuperados, eles serão soltos na natureza, para que possam voltar para casa”.