Se você já visitou um planetário, sabe que nele é possível estudar o céu em detalhes por meio das projeções que ajudam a conhecer os planetas, estrelas e constelações. No entanto, pessoas com deficiências visuais não têm como desfrutar desse passeio. Foi pensando neles que astrônomos da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) construiram um planetário especial onde é possível tocar estrelas.
O objetivo da experiência é levar o conhecimento e o fascínio da astronomia para pessoas com deficiências visuais. Segundo o físico e coordenador do projeto Cláudio Luiz Carvalho, é difícil encontrar até mesmo livros sobre o assunto escritos em braile, sistema de leitura pelo tato para cegos. “Por isso, se uma pessoa com deficiência visual quiser se aprofundar no assunto, essa pode ser uma oportunidade excelente”, avalia.
O planetário é semelhante a uma grande maquete e está instalado numa sala da Unesp. “Imagine uma esfera. Depois, divida essa bola em duas partes, bem no meio, formando duas semiesferas: uma representa o hemisfério norte celeste e a outra o sul”, explica Cláudio. “Nós construímos duas semiesferas presas às paredes, de forma que a pessoa possa entrar debaixo delas e usar o tato para identificar as constelações e ler em braile seu nome”.
Estrelas de todos os tamanhos
Quando olhamos para o céu, temos a impressão de que algumas estrelas são maiores que outras. Para proporcionar essa mesma sensação a quem não pode enxergar, o grupo usou miçangas de tamanhos variados para representar cada astro. “Também reunimos as miçangas para formar as constelações”, destaca Cláudio. “Por exemplo, o Cruzeiro do Sul tem a forma de uma cruz, então dispomos as miçangas para que eles pudessem tatear e sentir a cruz”.
Por enquanto, o planetário representa apenas o céu durante a noite, mas o grupo tem planos de construir o céu diurno também. “A ideia é tentar mostrar o Sol e seu movimento em alto relevo”, adianta o pesquisador.
Ainda em fase de testes, o novo espaço deverá estar aberto em breve para receber visitantes de todas as idades. “Por enquanto, recebemos poucas pessoas para aprimorar as representações montadas, mas pretendemos abrir para a visitação de escolas, inclusive para alunos sem deficiências visuais”, prevê o astrônomo. Eu estou louca para conhecer!