Tataravô dos ratos e gambás

Há muito tempo os cientistas tentam explicar como surgiram os mamíferos, mas esta não é uma tarefa fácil: os fósseis dos primeiros animais com pelos são muito raros, mais difíceis de achar até que os vestígios de dinossauros! Mas uma nova descoberta, feita na Argentina, pode dar uma ajudinha.

Ilustração do 'Cronopio dentiacutus'

É assim que os cientistas imaginam o ‘Cronopio dentiacutus’, mamífero cujo fóssil foi recentemente descoberto na Argentina (Ilustração: Jorge Gonzalez)

Pesquisadores encontraram restos do crânio de uma espécie de mamífero que viveu há 95 milhões de anos. A descoberta foi uma festa: são três peças, uma das quais é quase completa, bem diferente do que os cientistas costumavam encontrar por aí – dentes isolados e pedacinhos de ossos.

O fóssil estava na província de Rio Negro, numa localidade chamada La Buitrera, onde já haviam sido descobertos muitos vestígios de dinossauros, mas nenhum de mamífero. A nova espécie recebeu o nome de Cronopio dentiacutus e tem cabeça pequena, do tamanho de uma avelã. Mas o que mais surpreendeu os paleontólogos foram o crânio comprido e estreito e os grandes dentes caninos – algo que nunca se tinha visto em nenhum mamífero, extinto ou recente.

Crânio de 'Cronopio dentiacutus'

O crânio da nova espécie é estreito e comprido (Foto: Guillermo Rougier)

É claro que, se você olhar qualquer mamífero – por exemplo, o cachorro – verá que os caninos são sempre maiores do que os demais dentes. Mas, no caso do Cronopio, eles são muito longos e finos. Os cientistas da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, responsáveis pela descoberta, ainda não sabem para que serviam esses grandes dentes, mas poderia ser para amedrontar outros pequenos vertebrados ou então para melhor agarrar o alimento.