Tamanho não é documento

Nos desenhos animados e histórias em quadrinhos, os super-heróis mais fortes costumam ter músculos bem grandões. No entanto, um músculo artificial produzido em laboratório pode provar que, quando o assunto é força, nem sempre tamanho é documento.

Desenvolvido por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos, o músculo artificial é 10 vezes mais fino do que um fio de cabelo e 200 vezes mais forte do que o músculo natural. Tanta força só é possível porque o músculo artificial é composto por camadas de nanotubos de carbono – um material 100 vezes mais forte do que o aço.

Exemplo de um nanotubo de carbono, material que forma o músculo artificial e é 100 vezes mais forte do que o aço (Imagem: Michael Ströck / CC 3.0 – BY – SA)

O modo como as camadas de nanotubos são distribuídas faz com que o músculo artificial se pareça com um fio de lã. Entre essas camadas, os pesquisadores colocaram parafina, composto essencial para que o músculo exerça sua força.

Enquanto nós precisamos nos alimentar para ter músculos fortes, a fonte de energia para músculo artificial é o calor, que pode ser gerado pela eletricidade ou por um feixe de luz. Quando o músculo é aquecido, a parafina se expande, o que faz com que os nanotubos fiquem contorcidos. Com isso, o músculo se contrai e pode levantar objetos 100 mil vezes mais pesados do que ele.

Apesar de ser tão eficiente, o músculo artificial ainda não pode ser implantado em humanos para substituir o músculo natural. No entanto, o físico Douglas Galvão, da Universidade Estadual de Campinas, explica que a nova tecnologia pode ter diversas aplicações. “Ele pode ser usado na construção de robôs e na fabricação de roupas para bombeiros”, diz.

O músculo artificial se parece com um fio de lã – só que, é claro, bem mais fino (Foto: Science)

Douglas explica, por exemplo, que uma roupa feita com o material do músculo artificial poderia ser usada em diferentes temperaturas. Quando o tecido fosse aquecido, seus poros se fechariam, impedindo a passagem do calor. “Isto seria útil, por exemplo, quando bombeiros tentam apagar um fogo e são expostos bruscamente à altas temperaturas. Nesse caso o tecido fecharia os poros, impedindo que o ar quente passasse pela roupa e protegendo o bombeiro da alta temperatura”, conta o cientista.