Você já ouviu falar em Rembrandt? Ele foi um dos maiores pintores holandeses de todos os tempos. Algumas das gravuras feitas por esse mestre da pintura estão no Brasil pela primeira vez em uma exposição que já passou por Brasília e São Paulo e agora está no Rio de Janeiro. Aproveite para descobrir como trabalhou e viveu o famoso pintor!
Rembrandt Hermanszoon van Rijn (tente pronunciar esse nome!) nasceu em Leiden, em 15 de julho de 1606. Filho do rico proprietário de um moinho, aos 14 anos entrou para a universidade. No entanto, devido à sua grande vocação para as artes plásticas, ele abandonou os estudos para se tornar um dos maiores nomes da história da arte. Ao contrário de outros mestres da pintura, como seu conterrâneo Van Gogh, que viveu dois séculos depois, Rembrandt teve seu talento reconhecido ainda em vida.
Nos três primeiros anos de sua carreira, Rembrandt foi aprendiz de Jacob Swanenburgh, um pintor de Leiden. Aos 18 anos, mudou-se para Amsterdã, capital do país, para estudar com o mestre Pieter Lastman, um influente artista holandês da época. Lastman havia estudado na Itália e foi ele que apresentou o jovem Rembrandt ao chiaroscuro (claro-escuro em italiano). Essa técnica, inventada pelo pintor italiano Caravaggio e usada por Rembrandt em toda a sua obra, usa a luz e a sombra para criar um efeito dramático.
Após uma breve volta à terra natal, onde trabalhou em pinturas com temas bíblicos e mitológicos, em 1632 o pintor mudou-se em definitivo para Amsterdã e passou a receber muitas encomendas. Naquela época, era comum que nobres e ricos comerciantes mandassem pintar seus retratos. Rembrandt era diferente de outros pintores porque conseguia perceber a emoção das pessoas. É só olhar para um quadro dele para notar a alegria ou a tristeza no olhar do personagem!
Mas Rembrandt não pintava retratos apenas sob encomenda. Por querer entender o estado de espírito refletido na expressão de cada personagem, ele pintava vários quadros da mesma pessoa. Usou mendigos, velhos de asilos e membros de sua família como modelos. Mas a pessoa que Rembrandt mais pintou foi ele mesmo: são cerca de cem auto-retratos!
Em suas pinturas, Rembrandt limitou-se aos chamados temas históricos (cenas bíblicas, mitologia e história) e aos retratos. Mas, além de pintor, foi um mestre das gravuras, nas quais também tratou de outros temas, como cenas do cotidiano, nus e paisagens.
Quando a esposa de Rembrandt morreu, ela lhe deixou uma herança polpuda que, juntamente ao seu sucesso como pintor, fez dele um homem rico. Além de artista, Rembrandt foi um grande colecionador de obras de arte e antiguidades. Mas a má administração de seus bens levou Rembrandt à falência. Um de seus últimos quadros mostra um quarto miserável com uma cama e uma cadeira quebrada. O maior pintor holandês do século 17 morreu na pobreza em 4 de outubro de 1669. Em seu testamento deixou apenas algumas roupas, instrumentos de trabalho e dois quadros.
A arte da gravura
Além das famosas pinturas, o grande artista holandês Rembrandt produziu cerca de 290 gravuras. Se você mora no Rio de Janeiro, pode ver 83 delas, que estão em exposição. As gravuras fazem parte da coleção do Museu Het Rembrandthuis, que fica na antiga casa do artista em Amsterdã. Rembrandt é um dos mais admirados gravuristas de todos os tempos e dedicou boa parte de sua vida a estudar e melhorar essa arte. Mas você sabe o que são gravuras?
Gravuras são impressões, geralmente sobre papel, de imagens produzidas pelo artista sobre algum tipo de suporte, por meio de desenho, pintura ou entalhe. O suporte pode ser um bloco de madeira, uma placa de metal ou uma tela de seda. Rembrandt geralmente usava em suas gravuras uma técnica chamada água-forte. Nesse caso, o suporte é uma chapa de cobre, coberta com uma mistura de piche, resina e cera — chamada de verniz.
Sobre a chapa coberta com o verniz, o artista marca os traços do desenho com um instrumento pontiagudo, de forma que o cobre fique exposto. Rembrandt inventou um verniz especial, mais pastoso, que permitia desenhar com menos esforço e criar gravuras mais precisas. Antes de traçar os desenhos sobre a chapa, ele fazia estudos detalhados no papel, usados para orientá-lo na gravação.
Depois de gravada, a chapa é imersa em ácido diluído. Como o verniz é resistente ao ácido, apenas os traços do desenho são corroídos e surgem sulcos no metal. Então, o artista remove o verniz e cobre a chapa de tinta. Depois, ele limpa toda a chapa e só deixa a tinta que está dentro dos sulcos. O próximo passo é cobri-la com um papel levemente umedecido. A chapa e o papel passam por uma prensa e o papel absorve a tinta que estava nos sulcos desenhados na chapa. E aí … mágica! Surge no papel uma impressão invertida da gravura que foi feita no cobre.
Rembrandt estudou os efeitos da gravação feita com diferentes objetos, como a ponta seca (agulha de ponta afiada que faz traços de textura áspera) e o buril, (instrumento de aço em forma de V que entalha traços finos). Além disso, o mestre fez experiências com diferentes tipos de papel, vindos até do Japão! Além de papéis como o europeu, o chinês e o japonês, Rembrandt também usou o pergaminho (feito de pele de animais, coitadinhos!). As cores e texturas dos materiais criam efeitos diferentes na impressão das gravuras.
A mostra que veio ao Brasil apresenta cinco auto-retratos, 28 cenas bíblicas, uma natureza-morta (tipo de pintura que retrata objetos inanimados), além de nus, paisagens e cenas de gênero (que reproduzem situações cotidianas). Uma das chapas de cobre gravadas por Rembrandt também está exposta. Ao lado das gravuras do mestre estão quarenta obras de artistas influenciados por ele.
E se você quiser experimentar fazer uma gravura, poderá participar de uma oficina e levar para casa a impressão de uma gravura feita por você mesmo! Quem quiser ver de perto as obras de arte e participar da oficina deve correr: a exposição só fica em cartaz até 4 de maio.
Rembrandt e a arte da gravura
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro
Até 4 de maio; de terça a domingo, de 12h30 a 19h30Rembrandt e a arte da gravura
De terça a sexta, de 13h a 14h; sábado e domingo,
de 14h a 15h30; de 15h45 a 17h15; de 17h30 a 19h
Só 25 pessoas participam de cada sessão; senhas distribuídas com uma hora de antecedência