Quem quer ter um nariz eletrônico?

Na foto, o astronauta Mike Fincke na Estação Espacial Internacional. O nariz eletrônico permitirá detectar vazamentos de substâncias tóxicas nesse ambiente

Ser astronauta é ir aonde ninguém foi antes, explorar o universo, fazer experimentos a quilômetros da Terra… Passar dias, semanas, meses vivendo (e trabalhando!) a bordo de espaçonaves ou estações espaciais. Ali, o espaço disponível é pequeno e a sobrevivência apenas possível porque equipamentos garantem condições de vida semelhantes às do nosso planeta. O ar que a tripulação respira, por exemplo, é limpo por uma máquina, que garante que sua composição seja igual à do ar da Terra.

Problemas, porém, podem aparecer. Existem, por exemplo, entre 40 e 50 substâncias utilizadas no funcionamento de uma nave ou estação espacial que, se vazarem, são capazes de tornar o ar que cerca os astronautas perigoso de respirar.

Uma dessas substâncias é a amônia. No interior da Estação Espacial Internacional, essa substância flui por canos e leva para fora o calor gerado dentro da estação por pessoas e equipamentos, ajudando assim a manter o lugar habitável. Porém, ao vazar, a amônia se torna perigosa, já que é tóxica para o ser humano em pouquíssima quantidade. Assim sendo, não pode se acumular no ar da estação espacial. Ainda mais porque nós só conseguimos identificar sua presença, pelo cheiro, quando sua concentração já está alta.

Pensando em uma solução para problemas desse tipo, cientistas da Nasa ‐ a agência espacial americana ‐ estão desenvolvendo um nariz eletrônico. Apelidado de ENose ( nose é nariz, em inglês), esse equipamento é capaz de aprender a reconhecer qualquer substância ou combinação de substâncias. Extremamente sensível, pode ser treinado até para distinguir Pepsi de Coca-Cola e tem muito a contribuir com a exploração espacial!

O nariz eletrônico é capaz de identificar pequenas concentrações de compostos tóxicos no ar (fotos: Nasa)

A cientista Amy Ryan e sua equipe estão ensinando o ENose a reconhecer as substâncias ‐ como a amônia ‐ que não podem se acumular no ar de uma espaçonave. A idéia é que o aparelho possa alertar a tripulação ou tomar providências sozinho assim que o menor traço de substância perigosa seja detectado no ar da cabine. E quando falamos em menor traço, é menor traço mesmo: os cientistas da Nasa querem que o ENose detecte substâncias em concentrações muito menores do que os narizes eletrônicos empregados na Terra podem perceber.

Pois é: narizes eletrônicos já existem em nosso planeta. Aqui, eles são usados, por exemplo, na indústria de alimentos: monitoram a produção de café, cerveja, vinho e pão, para determinar se os produtos ou ingredientes estão em boas condições ou estragados.

Mas voltando ao nariz eletrônico destinado ao espaço… Atualmente, a equipe da Nasa está envolvida na produção de um versão compacta do ENose, com volume 35% menor que o original. Equipamentos desse tipo poderiam ser espalhados em vários pontos diferentes da nave ou da estação espacial. Com eles a bordo, os astronautas poderiam respirar a plenos pulmões. E sem sustos!

Matéria publicada em 09.12.2004

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Mara Figueira

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