O carinha da foto é um mestre do esconde-esconde! Ele ficou desaparecido por quase 70 anos e muita gente até duvidava que ele existia. Agora, foi redescoberto por biólogos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Museu Paraense Emílio Goeldi na unidade de conservação Floresta do Purus, na Amazônia.
A única pista que os cientistas tinham do bichinho era uma pintura feita pelo ilustrador científico Eládio Cruz Lima no livro Primatas da Amazônia, publicado em 1945 pelo Museu Goeldi. Com base no desenho, o biólogo americano Philip Hershkovitz descreveu o macaquinho como sendo de uma nova espécie, batizada de Saguinus fuscicollis cruzlimai.
Apesar disso, muitos cientistas duvidavam. “Ninguém acreditava que era uma nova espécie”, conta o biólogo José de Sousa, do Museu Goeldi. “Pensavam que a cor avermelhada das costas do macaquinho da pintura era devido a alguma doença ou apenas uma característica individual.”
Com esse mistério na cabeça, o biólogo Ricardo Sampaio, do ICMBio, iniciou a busca pelo sagui desaparecido. Durante um grande levantamento de espécies de primatas na região amazônica, o biólogo se deparou com o macaquinho muito vivo, pulando de árvore em árvore.
“De certo modo foi uma surpresa, pois muita gente duvidava que a espécie era real e não havia pesquisas para confirmar a sua existência”, diz Ricardo. “Mas, por outro lado, já esperávamos, pois os escritos deixados por Hershkovitz indicavam que o sagui devia viver nessa região.”
Agora, Ricardo e outros pesquisadores trabalham para conseguir mais informações sobre a espécie, como seus hábitos e o local preciso onde vive.
Esconde-esconde
Apesar de ter ficado desaparecido por tanto tempo, o biólogo acredita que o macaquinho não seja raro, mas bem comum na região. O sagui teria ficado longe dos olhos da ciência por tanto tempo devido aos obstáculos oferecidos pela região onde ele mora, que, além de ser de difícil acesso, foi durante muito tempo foco de doenças como a malária.
A descoberta é mais um exemplo da riqueza natural da Amazônia. “A floresta amazônica é um grande vazio de conhecimento e ainda há muitas espécies para serem encontradas lá”, aposta Ricardo.