O suave ruído das águas dos rios, dos pássaros e do vento nas árvores é quebrado por um barulho ensurdecedor. Ao longe, no horizonte, uma gigantesca onda de água avança rio acima destruindo tudo o que encontra pelo caminho. Pedaços de terra são arrancados das margens. Árvores se curvam e são derrubadas com a passagem dessa onda. No final do espetáculo, ouve-se um som parecido com o de marolas chegando à praia e tudo volta ao normal.
Essa coluna d’água barulhenta se chama pororoca. A palavra vem do termo poroc-poroc, que, em dialeto indígena do baixo Amazonas, significa ’destruidor’. A pororoca ocorre durante todo o ano, principalmente em época de lua cheia ou nova, em várias partes do mundo, nos rios com pouca profundidade e que são influenciados pelas marés. No Brasil, o fenômeno é mais forte no rio Amazonas e nos rios do Amapá, que desembocam no oceano Atlântico.
A pororoca parece com as ondas do mar que você conhece e que tanto fascinam os surfistas. A diferença é que o surfista permanece na crista de uma onda comum durante apenas alguns segundos ou, no máximo, poucos minutos. Na pororoca, dá para pegar uma onda de 10 minutos! Já teve quem tentasse fazer isso no Amapá e… haja perna!
O fenômeno da pororoca começa quando as águas das marés vindas do oceano chegam à desembocadura de um rio, ou seja, onde este lança suas águas. Quando as águas do mar se chocam com as águas do rio, começa a luta. No início do combate, ninguém perde. Até que as águas do mar mostram sua força e sobem rio adentro, com algumas dezenas de metros de comprimento. O fenômeno faz com que a correnteza do rio comece a ir para o lado contrário.
A maioria das pororocas é pequena, com cerca de meio metro de altura, mas algumas podem atingir até 10 metros! No Brasil, formam-se ondas de até seis metros de amplitude e com algumas dezenas de metros de comprimento, que se movem rio acima com uma velocidade de 30 quilômetros por hora. As águas da pororoca, no estado do Amapá, chegam a avançar cerca de 50 quilômetros acima da foz do rio Araguari.