Em dezembro de 2000, o Brasil ganhou seu primeiro astronauta: Marcos César Pontes. Nessa data, ele concluiu o treinamento básico dado pela Nasa, a agência espacial americana, e foi considerado apto para voar. Hoje, aguarda a chamada para ir ao espaço balançar a bandeira brasileira.
Astrônomos de todo o mundo aguardam com ansiedade o dia 1o de julho. Nessa data muito especial, uma sonda chamada Cassini vai chegar à órbita de Saturno, o sexto planeta do Sistema Solar. Essa nave foi lançada em 15 de outubro de 1997 e viajou durante sete anos para alcançar seu objetivo! Sua missão é pesquisar informações sobre a superfície, composição e estrutura de Saturno, além de estudar também a dinâmica de seus satélites e anéis.
Esse planeta é o segundo maior do Sistema Solar: para você ter uma idéia, seria necessário alinhar nove planetas com o diâmetro da nossa Terra para se chegar ao diâmetro de Saturno! Ele é classificado como um gigante gasoso, porque é composto basicamente por gases (hidrogênio e hélio). Isso significa que Saturno não tem uma superfície sólida, ou seja, não existe ali um ’chão’ para se pisar: se fizéssemos isso, iríamos afundar, afundar e afundar.
Já foram identificados, na órbita de Saturno, 31 satélites naturais (ou luas, como preferir, com ’L’ minúsculo). Alguns deles são responsáveis por manter os anéis de Saturno estáveis, isto é, no equador do planeta.
Uma das luas de Saturno atrai especialmente o interesse dos cientistas: Titã. Ela chama a atenção não só pelo seu tamanho, mas pelo fato de possuir uma atmosfera muito peculiar. Essa atmosfera é muito densa e composta principalmente por nitrogênio, traços de metano e outros gases. Por isso, ela se parece muito com a atmosfera primitiva que existia no nosso planeta há muitos milhões de anos.
Tudo indica que na superfície de Titã exista um mar de metano e, devido a algumas reações químicas, é possível que esse mar contenha compostos orgânicos chamados hidrocarbonetos, responsáveis por formar estruturas moleculares que dão origem à vida!
Mas você é capaz de imaginar como foram descobertos Saturno e Titã? O primeiro a observar o planeta foi o astrônomo italiano Galileu Galilei. Em 1610, ele apontou sua luneta rudimentar para o céu e observou Saturno. Ele notou que o astro apresentava uma formação estranha nas suas laterais…
Mais tarde, também no século 17, o astrônomo holandês Christiaan Huygens descobriu que aquelas ’formações’ que Galileu observara eram anéis que ficam ao redor do planeta. Foi também Huygens que descobriu Titã! Alguns anos depois, Giovanni Domenico Cassini, outro italiano, estudou os anéis de Saturno e notou que havia um espaço ’vazio’ entre eles — esse espaço ficou conhecido como divisão ou falha de Cassini.
Como você já deve ter concluído, o nome da sonda que vai estudar Saturno é uma homenagem a esse astrônomo. A sonda Cassini é composta por um orbitador que ficará 4 anos em volta de Saturno e por uma sonda menor que será enviada a Titã. E adivinhe qual o nome dessa sonda menor? Ganhou quem disse Huygens! Desta vez, é o astrônomo dinamarquês o homenageado.
A sonda Huygens terá como objetivo pesquisar e, quem sabe, confirmar de vez a existência dos tais compostos orgânicos em Titã. Se isso se confirmar, essa lua se tornará um dos mais fortes candidatos a ter vida entre todos os astros do Sistema Solar: se deu certo com a nossa Terra, por que não pode ter acontecido também com Titã? O lançamento da Huygens está previsto para janeiro de 2005. Mais uma vez, os astrônomos estão de olhos bem abertos, esperando ansiosos pelos dados dessa missão!
O autor do artigo acima é membro do Centro de Estudos do Universo (CEU), iniciativa dedicada à divulgação e ao ensino da astronomia, e editor do Boletim Centaurus, que traz textos de divulgação escritos pela equipe de professores do CEU e convidados.
Criado no ano 2000 na cidade de Brotas (SP), o CEU tem uma área de 4000 m2 com infra-estrutura para receber grupos escolares e o público em geral. O centro dispõe de um observatório com um grande telescópio, uma laje de observação com telescópios menores, um planetário com três tipos de sessões (uma especialmente para crianças), um teatro de arena para apresentações ao ar livre, um anfiteatro para apresentações multimídia e uma base de lançamento de mini-foguetes.
Diego “Moicano” Gonçalves
Especial para Instituto Ciência Hoje/RJ