Geodiversidade é o conjunto de elementos não vivos dos quais a vida – ou a biodiversidade – depende para existir. E o que compõe a geodiversidade? As rochas, os solos, a água, a atmosfera e o relevo – que inclui planaltos, planícies, montanhas e depressões do solo. Mas vamos à origem da palavra…
“Geo” vem do grego e significa “Terra”. Assim, fica claro que sem geodiversidade, sem as formas físicas variadas da Terra, não há vida no planeta. Animais e plantas não podem viver sem água ou solo. Água e solo, por sua vez, dependem das rochas, do relevo e da atmosfera para existir. Ou seja: está tudo interligado!
Por isso, dizemos que a geodiversidade é a base da biodiversidade. Juntas, elas formam a ideia de diversidade natural, que é tudo aquilo que não foi construído pelo ser humano.
Cada região do Brasil tem diferentes paisagens, formadas pela associação dos elementos da geodiversidade. Vamos ver?
A Amazônia brasileira, o maior bioma do mundo, fica na região Norte, onde é possível encontrar extensas áreas rebaixadas, formadas por rochas e sedimentos (que são fragmentos de rochas transportados pelas águas). Os relevos são planos, os solos são encharcados pelo excesso de umidade, porque as temperaturas são elevadas e chove muito. Há grandes rios e a biodiversidade nessa área, em função da presença de muita água e de elevadas temperaturas, é abundante, com vegetação exuberante do tipo floresta (a Floresta Amazônica!) e muitos animais.
Perto da virada do século 20 para o 21, aconteceu uma revolução tecnológica nos estudos sobre o cérebro humano, porque os pesquisadores começaram a olhar o cérebro por dentro, graças às imagens obtidas por ressonância magnética funcional. Parece complicado, mas não é!
Como é uma região considerada seca, com pouca chuva, a vegetação é mais rala (Caatinga), os solos são menos desenvolvidos e muitos rios são temporários, ou seja, aparecem somente quando chove. Com frequência, as rochas estão em contato direto com a atmosfera, formando relevos únicos, como os inselbergs. O nome vem do alemão, significa “ilha de pedra” e indica a existência de formas na superfície da Terra sem solo ou vegetação, como verdadeiras ilhas feitas de rochas, no meio do sertão.
A paisagem da região Centro-Oeste é cheia de características marcantes: presença de solos altos e planos (os planaltos), chapadas (áreas planas, cavadas pelo desgaste do solo formado por rochas), planícies (partes baixas formadas pelo acúmulo de sedimentos soltos) e depressões (que são áreas baixas e inclinadas, como bacias). O solo fértil é popularmente conhecido como “terra roxa”; enquanto os cientistas o chamam de “nitossolo vermelho”. Uma parte dessa região é ocupada por uma grande depressão, onde escoa o Rio Paraguai, que, durante as cheias, inunda a área rebaixada, criando um ambiente único e rico em biodiversidade: o bioma Pantanal!
Essa região apresenta uma grande diversidade no ambiente, com características marcantes em cada estado. Existem serras, planaltos, depressões e áreas costeiras. Entre as serras, as principais são a Serra do Mar, a Serra da Mantiqueira e a Serra do Espinhaço, que abrangem os estados do Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais – elas são formadas por rochas cristalinas, e são bem irregulares. Ocorrem ainda chapadas, como em Minas Gerais. E há também a presença do solo fértil ou terra roxa.
Na parte norte da região Sul ocorre o Planalto Meridional, formado pelo derramamento de rochas vulcânicas. Até as famosas Cataratas de Iguaçu, no Paraná, são formadas por esse tipo de rocha, acredita? Tem ainda o Planalto Atlântico, composto por rochas cristalinas, que inclui segmentos da Serra do Mar. Ah, na região Sul há as maiores lagunas do mundo (que são parcelas de água do mar separadas por uma faixa de areia, chamada barreira). A maior delas é a Lagoa do Patos, no Rio Grande do Sul, onde há também o menor bioma brasileiro: o Pampa! O clima da região também é diferente do restante do Brasil, é do tipo subtemperado, com temperaturas que podem ficar abaixo de 10 graus no inverno.
Não se trata de uma região, mas de uma área de transição entre a terra e o mar, com mais de 10 mil quilômetros de extensão. Indo de parte da Amazônia ao sul do Rio Grande do Sul, a zona costeira é onde ficam nossas praias. A região conta também com estuários (onde os rios desembocam no mar), dunas, falésias (paredões rochosos na beira do mar esculpidos pelas ondas) e montanhas. Além disso, existe uma grande biodiversidade, como os bosques de manguezais (vegetação adaptada a ambientes salinos e parcialmente encobertos por água), peixes, mamíferos, aves, crustáceos e muitas outras formas de vida.
Os estudos sobre a geodiversidade são relativamente recentes: foram iniciados há poucas décadas. Mas seus componentes já eram estudados há muito tempo, de forma separada: rochas (geologia), relevos (geomorfologia); solos (pedologia) e águas (hidrologia). O clima também não ficou de fora (climatologia)! Mas os estudos que agregam toda essa riqueza e essa diversidade natural “não viva”, em conjunto, são recentes na história da ciência – e você já está por dentro! Conhecer é o primeiro passo para proteger!
Vanda de Claudino-Sales
Programa de Pós-graduação em Geografia
Universidade Federal de Pelotas