Primo do sul

O gato selvagem Leopardus tigrinus já era um velho conhecido dos pesquisadores – a espécie foi descrita em 1775 e ocupava praticamente todo o Brasil, ocorrendo em regiões como a Caatinga nordestina e a Mata Atlântica no Sul e Sudeste.

Recentemente, porém, um grupo de cientistas realizou análises do DNA dos animais encontrados nas regiões Nordeste e Sul e chegou a uma conclusão interessante: as populações que os especialistas por muito tempo pensaram ser do mesmo bicho eram, na verdade, pertencentes a espécies diferentes!

<i>Leopardus guttulus</i> é habitante da região Centro-Sul do Brasil (Foto: Projeto Gato do Mato – Brasil)

Leopardus guttulus é habitante da região Centro-Sul do Brasil (Foto: Projeto Gato do Mato – Brasil)

Embora muito parecidos em sua aparência, os dois felinos apresentam material genético suficientemente diferente para serem considerados duas espécies distintas. A espécie do Nordeste continuou com o antigo nome, Leopardus tigrinus, e a do Sul recebeu o nome de Leopardus guttulus.

A descoberta foi feita quase por acaso, durante um estudo mais amplo que analisava as populações de felinos de várias regiões do país e como elas se relacionavam. Segundo o biólogo Eduardo Eizirik, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e coordenador do projeto, ainda há muitas características a investigar sobre as duas espécies de gatos selvagens.

<i>Leopardus tigrinus</i> (foto) vive no Nordeste. Sua única diferença para o <i>Leopardo guttulus</i> é a pelagem, levemente mais clara (Foto: Projeto Gato do Mato – Brasil)

Leopardus tigrinus (foto) vive no Nordeste. Sua única diferença para o Leopardo guttulus é a pelagem, levemente mais clara (Foto: Projeto Gato do Mato – Brasil)

“Reconhecendo a espécie do Nordeste como distinta da espécie do Sul, podemos direcionar estudos específicos para cada uma delas, de forma a reconhecer a real situação de cada população”, conta o pesquisador.

Tatiane Trigo, bióloga da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que também participou do estudo, explicou que o trabalho é muito importante para a preservação das espécies. “Podemos verificar as ameaças sofridas pelas duas e elaborar planos de conservação mais apropriados”, planeja.

Os cientistas pretendem, também, continuar estudando outros felinos presentes em vários biomas brasileiros. Quem sabe eles não descobrem ainda mais espécies?

Matéria publicada em 16.12.2013

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Gabriel Toscano

Gosto de ouvir música, ver filmes, ler livros, viajar e conhecer pessoas diferentes. Estou sempre procurando aprender coisas novas!

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