Cada espécie animal tem um lugar favorito para trazer ao mundo seus filhotes: alguns bichos constroem ninhos em árvores, outros, em tocas no chão, e por aí vai. Para os filhotes de tartarugas-da-Amazônia, iaçás e tracajás, o berçário escolhido é muito especial: areias às margens dos rios e lagos amazônicos. Em duas praias da região, pesquisadores registraram o nascimento de pelo menos quatro mil indivíduos no ano de 2014.
Essas espécies, chamadas de quelônios pelos cientistas, colocam seus ovos em praias temporárias que só aparecem na época de seca, ou seja, de agosto a dezembro. No restante do ano, os locais ficam completamente alagados e os bichos não podem construir seus ninhos.
“No início do período de seca, quando aparecem as praias e barrancos, as fêmeas cavam seus ninhos com as patas traseiras na areia ou no barro, depositam seus ovos e depois os cobrem”, explica a bióloga Ana Júlia Lenz, do Instituto Mamirauá. “Os embriões irão se desenvolver dentro dos ovos e sairão dos ninhos após um período de 60 a 75 dias. É importante que eles saiam antes da época das cheias, quando os ninhos ficam alagados”.
Áreas de desova de quelônios são protegidas desde 1998 na Reserva Mamirauá. No ano passado, os cientistas, com a colaboração de moradores locais, protegeram 766 ninhos de iaçá, 139 de tracajá e 64 de tartaruga-da-Amazônia, permitindo o nascimento de milhares de filhotes nas áreas protegidas.
Segundo Ana Júlia, o número de filhotes nascidos nessa região poderia ter sido ainda maior se não fosse um problema: nesse ano, o nível da água dos rios começou a subir um pouco mais cedo que o normal.
Dos filhotes que nasceram, é difícil estimar quantos chegarão à idade adulta. Depois de sair dos ninhos, as tartarugas vão para o rio, onde procuram abrigo e comida. “Quando filhotes, eles enfrentam predadores como aves, peixes e jacarés”, conta a pesquisadora. “Já os indivíduos que conseguem alcançar um tamanho maior têm maiores chances de sobrevivência, pois a sua carapaça rígida os protege. Ainda assim, eles precisam sobreviver a ataques de jacarés, onças e também do homem – na região amazônica, os ovos e a carne desses quelônios são muito apreciados como alimento, e a caça é a maior ameaça às espécies”.
Confira mais fotos dos quelônios e da pesquisa em seus ninhos:
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