Em geral, eles têm a forma de um porco. Mas alguns apresentam outros formatos. Pode ser o de um botijão de gás ou até mesmo o de um fusca. Porém, o que todos têm em comum é o seu conteúdo: moedas e mais moedas. Sim, estamos falando dos cofrinhos. De uns tempos para cá, eles viraram mania em algumas cidades do Brasil. Mas não é que o costume de poupar dinheiro dessa maneira está preocupando o governo?
Pois é. O Banco Central do Brasil fez uma pesquisa e descobriu que, em todas as classes sociais, há o costume de se guardar moedas em casa usando-se cofrinhos ou similares. Ou seja, tanto pobres quanto ricos são fãs de um porquinho. Porém, o problema é que, atualmente, cerca de metade das moedas em circulação no país não estão sendo efetivamente usadas. São seis bilhões de moedas que foram colocadas em cofrinhos – ou estão esquecidas em cantos da casa, em bolsas ou porta-níqueis.
Para o país, isso é um tremendo prejuízo. Isso porque dinheiro custa dinheiro. Ao fazer uma moeda de um real, por exemplo, gastam-se 26 centavos. E quando não há moedas suficientes em circulação, é preciso produzir mais, gastando-se dinheiro. Sem falar que a escassez de moedas dificulta o troco, gerando problemas para o comércio. Para completar, nem mesmo quem entende de finanças sai em defesa dos porquinhos. Segundo Cássia D’Almeida, especialista em educação financeira, membro da Associação Internacional para Cidadania e Educação Social e Econômica, essa não é a melhor maneira para poupar o seu dinheirinho.
“Na maioria dos porquinhos, só é possível saber quanto se conseguiu juntar ao quebrá-lo. Antes disso, não temos a menor noção de quanto dinheiro há ali, ou seja, não sabemos quanto temos conseguido poupar. Por outro lado, também não sabemos quanto falta para atingirmos nosso objetivo”, explica Cássia. Para ela, melhor que cofrinhos é utilizar um pote transparente com tampa, que permita ver o quanto de dinheiro está sendo acumulado ao longo dos dias, e trocar as moedas por notas quando for atingido uma determinada quantidade. Outra alternativa é optar por um porquinho que permita retirada do dinheiro sem que seja obrigatório quebrá-lo.
Poupar, porém, é uma atividade sempre muito bem-vinda. Assim sendo, se você tiver dez anos ou mais, uma sugestão da educadora financeira é incentivar seus pais a abrirem uma caderneta de poupança para você. Talvez eles argumentem que abriram uma em seu nome logo após o seu nascimento. Mas a idéia é que você também conte com uma outra e participe de todas as etapas da sua criação e manutenção. Vá ao banco com seus pais abri-la, faça os depósitos na companhia deles, confira os extratos, enfim, participe. Essa lição com certeza vai ficar para sempre. Sabe por quê? “A maneira como lidamos com o dinheiro é algo que aprendemos ao longo da vida. É fruto do tempo e da educação”, explica Cássia. Portanto, se você começar desde cedo a ter disciplina para guardar parte do que ganha e planejar o que compra, essa habilidade pode fazer muita diferença na sua vida de adulto.