Imagine copos de festa, peças de xadrez e até caixas de ovos feitos com nada mais nada menos que camarões. Achou estranho? Pois saiba que isso pode virar realidade no futuro com o desenvolvimento de um novo tipo de plástico produzido a partir de uma substância presente na casca de camarões, que pode, ainda, ajudar a preservar o meio ambiente.
Esse plástico ecológico é feito à base de quitina – o segundo componente orgânico mais comum em nosso planeta. Muito resistente, ele está presente nas cascas de crustáceos, como os camarões, nas asas das borboletas e no exoesqueleto dos insetos.
“Utilizamos os camarões porque muitas fábricas que processam esse animal para produção de alimentos jogam fora suas cascas”, explica o bioengenheiro Javier Fernandez, um dos participantes do estudo feito na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. “Assim, evitamos o desperdício e ainda conseguimos uma fonte de quitina.”
Além disso, ao contrário do plástico usado atualmente, que é um derivado do petróleo e demora séculos para se decompor na natureza, o novo produto demora no máximo alguns meses para desaparecer – e, por isso, gera muito menos poluição!
“A quitina faz parte da natureza, então existem muitos microrganismos que a produzem e a decompõem”, ressalta Javier. “Já os plásticos tradicionais não são parte da natureza, então, quando são jogados fora, a natureza não sabe o que fazer com eles!”.
Parece incrível, não é? E as vantagens do material não param por aí: se jogado no meio ambiente, o plástico de quitina também dá uma ajudinha para a flora. “A quitina possui nitrogênio, um componente escasso e necessário para o crescimento de uma planta e quando ela se decompõe no solo, solta nitrogênio, que é absorvido pela planta”, lembra Javier.
Possibilidades futuras
Javier conta que foram feitas duas versões do plástico, uma mais barata, que contém apenas quitina, e outra mais cara, feita de quitina e de outra proteína presente na seda, a fibroína. “A primeira versão é mais fácil de fabricar e já a usamos para fazer copos, caixas de ovos e peças de xadrez”, explica. “Já a segunda, com a proteína da seda, é muito mais forte e pode ser utilizada em áreas mais específicas, como a medicina.”
A novidade é promissora, mas ainda deve demorar a ser aplicada em produtos vendidos no mercado. “Toda a indústria está acostumada a utilizar o plástico tradicional, então, para começarmos a desenvolver produtos com o novo plástico, será preciso construir um novo tipo de indústria, com novas máquinas”, destaca Javier. Bom, se um dia ele se tornar realidade, com certeza vou trocar todo plástico lá de casa por esse modelo ecológico. E você?