Picada de mosquito

Você conferiu aqui na CHC Online como os cientistas estão tentando impedir que o mosquito Aedes aegypti transmita a dengue para nós. Mas você já se perguntou por que ele gosta tanto do nosso sangue? Pois um grupo de pesquisadores acaba de descobrir que a resposta está na sulcatona, substância produzida pela pele humana.

Antes de conhecer o estudo, saiba que um mosquito poderia sobreviver muito bem apenas sugando o néctar das flores e o suco das frutas. Acontece que as fêmeas só conseguem produzir ovos ao consumir nutrientes do sangue de outros animais e, por isso, são as únicas que picam. Inicialmente, a fêmea do A. aegypti não picava humanos, apenas outros animais. Tal inseto ainda vive em florestas da África, mas, a partir dele, surgiu uma subespécie que prefere sangue humano.

Cientistas identificam gente e substância responsáveis pela atração que o mosquito (i)Aedes aegypti(/i) tem pela pele humana. (foto: James Gathany / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Cientistas identificam gente e substância responsáveis pela atração que o mosquito (i)Aedes aegypti(/i) tem pela pele humana. (foto: James Gathany / Flickr / (a href=https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/) CC BY 2.0 (/a))

Para entender por que isso acontece, a equipe colocou em uma caixa mosquitos das florestas africanas, que picam apenas animais e não humanos, e exemplares de A. aegypti chamados domésticos, que preferem nosso sangue. Além disso, colocaram também um porquinho-da-índia e uma pessoa enfiou a mão por uma abertura da caixa, deixando a pele exposta aos dois tipos de mosquito.

Os pesquisadores perceberam que os mosquitos domésticos eram mais atraídos pela mão humana do que pelo porquinho-da-índia. Outro teste consistiu em colocar um ventilador atrás do humano e outro atrás do porquinho-da-índia. O vento empurrava o cheiro do corpo e da respiração desses animais até os mosquitos. Novamente, os mosquitos domésticos voavam em direção ao cheiro humano e os da floresta, ao cheiro do roedor.

Segundo a bióloga e coautora do estudo Carolyn McBride, da Universidade de Rockefeller, nos Estados Unidos, os mosquitos não são atraídos apenas pelo cheiro da pele, mas também por sua umidade e calor, além do dióxido de carbono liberado durante a respiração. “Todos os mamíferos liberam cheiro, calor e umidade pela pele, e dióxido de carbono pela respiração, mas apenas o cheiro permite que o mosquito da dengue diferencie humanos de outros animais”, completa.

A culpa é da sulcatona

Por fim, os pesquisadores analisaram as antenas do mosquito doméstico e do mosquito da floresta. Como a antena é o órgão responsável pelo olfato do inseto, a equipe acreditou que ali estaria a resposta para a preferência ou não de cada tipo de mosquito por sangue humano.

A sulcatona é a substância que ajuda o mosquito a identificar se tem algum humano por perto. (foto: Zuloo37 / Wikipédia / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/) CC BY-SA 3.0 (/a))

A sulcatona é a substância que ajuda o mosquito a identificar se tem algum humano por perto. (foto: Zuloo37 / Wikipédia / (a href= http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/) CC BY-SA 3.0 (/a))

E não é que eles acertaram? É justamente na antena que está localizado o gene Or4, que se liga à sulcatona, substância exalada pela pele humana. Assim, o gene Or4 é quem ajuda o mosquito da dengue a identificar se há um humano por perto. “Os cientistas já sabiam que o mosquito da dengue era atraído pelo cheiro do corpo humano, mas não sabiam qual gene estava envolvido nisso”, explica Carolyn.

Segundo a pesquisadora, quanto mais soubermos sobre os genes envolvidos na atração do A. aegypti pela pele humana, mais fácil será desenvolver repelentes que impeçam esses mosquitos de nos morder e transmitir doenças, como a dengue e a febre amarela.