Perereca pintada

Foram meses embrenhado na mata, até que finalmente a encontrou! O biólogo Clodoaldo Lopes de Assis, mestrando em Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa, descobriu uma nova espécie de perereca, que chamou de Aparasphenodon pomba. O bichinho tem entre cinco e seis centímetros de comprimento e foi encontrado no município de Cataguases, na Zona da Mata de Minas Gerais.

A nova espécie de perereca ((i)Aparasphenodon pomba(/i)) foi catalogada este ano. Dourada e com manchas beges, ela até lembra uma onça! (Foto: Clodoaldo Lopes de Assis)

A nova espécie de perereca ((i)Aparasphenodon pomba(/i)) foi catalogada este ano. Dourada e com manchas beges, ela até lembra uma onça! (Foto: Clodoaldo Lopes de Assis)

“Lembra uma onça”, surpreendeu-se Clodoaldo, pois a pele do anfíbio é dourada e mesclada com manchas beges. Os olhos, vermelhos, também são bastante curiosos.

“Ela gosta de viver em bambuzais, e por isso é muito difícil de ser observada”, conta o pesquisador. Ao que tudo indica, é um animal bastante raro e possivelmente ameaçado de extinção.

Segundo Clodoaldo, o processo de descrição da espécie foi bem trabalhoso. “Não foi nada fácil”, disse à CHC Online. “Encontrei a primeira perereca em 2008; a segunda, em 2010; seis em 2011 e mais quatro em 2012”. No total, foram doze – número suficiente de exemplares para que se possa considerar o achado como uma nova espécie.

A pequenina (i)Aparasphenodon pomba(/i) vive em bambuzais, onde se sente segura e aconchegante. O pesquisador passou meses desbravando a floresta para que pudesse encontrar a nova espécie de perereca (Foto: Clodoaldo Lopes de Assis)

A pequenina (i)Aparasphenodon pomba(/i) vive em bambuzais, onde se sente segura e aconchegante. O pesquisador passou meses desbravando a floresta para que pudesse encontrar a nova espécie de perereca (Foto: Clodoaldo Lopes de Assis)

O próximo passo do pesquisador é entender os hábitos reprodutivos da perereca. Para isso, ele espera dar sorte e conseguir gravar o canto delas na mata, pois é pelos sons emitidos por esses bichos que podemos aprender informações muito interessantes sobre como eles encontram seus pares para formar novas famílias.

Mas há um delicado detalhe que preocupa Clodoaldo: a floresta onde foi encontrada essa nova espécie não é uma área de preservação ambiental. “Apesar de termos um trecho significativo de Mata Atlântica nativa aqui, esse trecho não é protegido por lei”, lamenta o pesquisador. Ou seja: essa preciosa área natural encontra-se vulnerável e, se nada for feito, pode ser depredada a qualquer momento.

A descoberta da nova perereca, segundo o cientista, pode ser um forte argumento para convencer os legisladores a fazer daquela floresta uma área de preservação. Tomara! Já pensou que triste seria perder definitivamente uma espécie que acaba de ser descoberta?