Imagine que você está andando pela mata. De repente, olha para baixo e vê um pequeno ponto amarelo/avermelhado se movendo. Que bicho será esse? Um grilo que resolveu trocar o verde por uma cor mais atraente? Um besouro que pegou muito sol? Pare e repare porque você pode estar diante de anfíbios especiais: sapos da família Brachycephalidae, que medem de dez a doze milímetros e estão entre os menores animais terrestres com coluna vertebral do mundo!
No Brasil, sapos dessa família são encontrados nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A novidade mais recente sobre eles foi divulgada em junho deste ano: duas novas espécies foram encontradas na Serra do Mar paranaense, parte densa da Mata Atlântica.
As espécies Brachycephalus ferruginus e Brachycephalus pombali , que você vê na foto acima, vivem apenas na Serra do Mar do Paraná, em regiões que estão entre mil e 1.800 metros de altitude, e são encontradas entre folhas secas e galhos caídos no chão. Apesar do tamanho, se destacam pelas cores fortes que apresentam, como o laranja, o vermelho e o amarelo: um aviso aos predadores de que, em sua pele, há uma substância tóxica. Os pequenos sapinhos alimentam-se de pequenos insetos, larvas, ácaros e podem comer também formigas e até aranhas.
Quem descobriu os dois novos sapos foi Luiz Fernando Ribeiro, pesquisador e professor da Universidade Tuiuti do Paraná. Em 2005, ele já havia encontrado outras duas espécies desses animais. Segundo Luiz Fernando, aparentemente, os “sapinhos de montanha” – como o pesquisador os apelidou – não correm risco de extinção. “No Paraná, apenas o Brachycephalus permix , espécie encontrada pela bióloga Heloisa Wistuba em 1998, está na categoria ‘ameaçada’, já que vivem num local de mais fácil acesso. Com uma presença maior do ser humano, há uma maior destruição da floresta, o que prejudica a população desses animais”, explica.
Luiz Fernando acredita que ainda existam mais espécies desses minúsculos sapos a serem encontradas na Serra do Mar e, por causa disso, continua sua pesquisa. Para ele, é provável que anfíbios desse tipo habitem outras regiões, chegando até mesmo ao estado de Santa Catarina. Para o pesquisador, a descoberta das duas espécies de anfíbios mostra a importância de se preservar a Mata Atlântica. “Apesar de grande parte da floresta já ter sido destruída, ainda conseguimos encontrar novas espécies de animais”, explica. Então, quem sabe muito em breve temos notícias de outras descobertas feitas na Mata Atlântica, como a dos pequenos “sapos de montanha”?