As tartarugas, eu pensava, são animais silenciosos. Fala sério: alguém já ouviu uma tartaruga gritando por aí? Pois é. Eu fiquei de boca aberta quando soube que havia especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia estudando a comunicação entre esses bichos!
Os cientistas que lideram a pesquisa são especialistas em bioacústica, área da ciência dedicada ao estudo dos sons emitidos pelos animais. Eles gravaram 420 horas de sons emitidos por tartarugas-da-amazônia, uma das espécies mais sociais entre os quelônios – grupo de répteis que possuem cascos, como jabutis e tartarugas em geral.
“Ainda não sabemos qual é o mecanismo que as tartarugas usam para emitir os sinais sonoros”, conta a bióloga Camila Ferrara, que liderou a pesquisa. “Mas sabemos que os filhotes conseguem emitir sete tipos diferentes de sons e os adultos, oito”. No grupo estudado, a equipe identificou 11 tipos diferentes de sinais sonoros. Apesar de baixos, eles são audíveis para o ouvido humano.
Se, antes, achava-se que as tartarugas não escutavam muito bem, agora já se sabe que emitir e ouvir sons é muito importante na vida desses bichos. Os registros mostraram que as tartarugas começam a se comunicar ainda de dentro dos ovos, algumas horas antes delas nascerem. Talvez isso explique porque os filhotes começam a sair dos ovos todos de uma vez, na mesma hora!
Depois do nascimento a comunicação só aumenta, o que indica uma forte relação de pais e filhos entre as tartarugas e seus filhotes.
As tartarugas-da-amazônia vivem em rios, mas também ficam muito tempo fora da água – os filhotes nascem na areia, por exemplo. Por isso, elas precisam se comunicar bem em qualquer lugar. “As tartarugas-da-amazônia realizam interações sociais importantes tanto na água quanto em terra, e sua sensibilidade auditiva é parecida nos dois ambientes”, conta Camila.
O que será que elas tanto conversam?