Ouvido cheio de energia

Diga lá: o que seu ouvido produz? Se você respondeu cera, está certo, claro – todos nós produzimos cera no ouvido. Mas produzimos também algo muito mais curioso: energia elétrica. Achou esquisito? Pois saiba que, além de ajudar você a escutar, essa energia pode ser usada para fazer um aparelho eletrônico funcionar.

É o que mostra um estudo feito por pesquisadores dos Estados Unidos. Eles colocaram um chip dentro do ouvido de um porquinho-da-índia, animal que tem um sistema auditivo bem parecido com o nosso. O dispositivo permite que os cientistas monitorem a audição do roedor e saibam se ele está escutando bem, tudo isso sem precisar de pilhas ou baterias, já que o chip funciona com a energia produzida pelo próprio ouvido do bicho.

Chip sobre moeda de um centavo

O chip colocado nos roedores é menor que uma moeda de um centavo de dólar, que é quase do mesmo tamanho que a nossa moeda de um centavo (Foto: Patrick Mercier)

A eletricidade usada para alimentar o chip é produzida em uma região do ouvido chamada cóclea. Quando as ondas sonoras entram no ouvido, elas vibram e chegam à cóclea, onde são transformadas em uma descarga elétrica que vai até o cérebro e permite que ele identifique o som que estamos ouvindo.

Segundo a médica Konstantina Stankovic, da Universidade de Harvard, essa descarga elétrica é muito importante para a audição dos animais. O chip usa apenas uma pequena parte da energia produzida e, assim, não prejudica os porquinhos-da-índia. “Fizemos testes de audição que mostraram que os animais continuam ouvindo normalmente depois que recebem o chip”, conta.

Orelha

Tanto nos humanos quanto nos porquinhos-da-índia, o ouvido é capaz de transformar ondas sonoras em descarga elétrica (Foto: Shizhao / Wikimedia Commons)

No futuro, um chip parecido poderá ser implantado em humanos. É claro que não será possível usar a energia produzida pelo nosso ouvido para carregar a bateria de um celular ou ligar a televisão, mas, segundo Konstantina, o chip pode servir para monitorar o funcionamento do ouvido após tratamentos contra surdez. “Os estudos estão avançando, mas ainda precisamos diminuir o tamanho do dispositivo e fazer novos testes”, explica.

Matéria publicada em 12.11.2012

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Mariana Rocha

Cresci gostando de fazer descobertas para escrever sobre elas. Na CHC consigo ser curiosa e escritora, tudo ao mesmo tempo!

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