No dia 9 de novembro de 1889, há exatos 118 anos, acontecia, no Brasil, um evento muito especial. Nesta data, o Visconde de Ouro Preto promoveu um luxuoso baile no Rio de Janeiro. Mais precisamente no Palacete Alfandegário, uma bela construção localizada na Ilha dos Ratos – hoje, Ilha Fiscal – que ficava na Baía da Guanabara. A idéia era homenagear um dos países vizinhos ao Brasil, o Chile, já que estava atracado na cidade o navio chileno Almirante Cochrane . Por isso, a ilha foi enfeitada com bandeirinhas verdes e amarelas, as cores do Brasil, e azuis e vermelhas, as cores do Chile. A novidade na decoração eram as lanternas venezianas à luz elétrica, ainda pouco usada naquela época.
Além de homenagear o Chile, porém, havia outro interesse por trás do baile… Naquele momento, a sociedade estava cada vez mais insatisfeita com a monarquia brasileira. Em 1888, a Princesa Isabel havia proclamado o fim da escravidão, o que gerou a insatisfação de alguns membros da sociedade. O país ainda se recuperava também da Guerra da Tríplice Aliança, que havia terminado em 1870 e unido Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Nesse sentido, o baile foi uma tentativa de aumentar a popularidade do Imperador D. Pedro II, mostrando o quanto a monarquia ainda era poderosa. Mas quem disse que isso deu certo? Em 15 de novembro do mesmo ano – seis dias após a festa realizada na Ilha dos Ratos –, a República era proclamada e o imperador e sua família foram obrigados a deixar o país.
Para se ter uma idéia da grandiosidade desse baile, porém, basta dizer que havia por volta de três mil convidados na festa. Durante toda a noite, eles dançaram valsa e polca e comeram dos mais de 15 pratos frios, 11 pratos quentes, 12 tipos de sobremesa, além de mais de 12 mil porções de sorvetes de sabores variados! Os convidados também beberam mais de três mil garrafas de cerveja, vinho, champanhe e licores.
Esse episódio é representado no quadro O último baile da monarquia , do pintor Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo. É possível identificar na pintura alguns dos convidados mais ilustres, como a família imperial, composta pelo Imperador D. Pedro II, pela Imperatriz Teresa Cristina, pela Princesa Isabel e seu marido, o Conde D’Eu. No canto esquerdo da tela, o artista fez referência à República, representando a marcha dos republicanos para sua proclamação, e, no canto direito, a coroação da Princesa Isabel, que nunca ocorreu na realidade.
O quadro faz parte da exposição O outro lado do baile , em cartaz no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. Na mostra, também é possível apreciar os refinados trajes usados pelos convidados dessa festa, alguns dos belos leques e das valiosas jóias usados pelas damas, as cartolas e bengalas dos cavalheiros, entre outros objetos. A exposição está aberta até o dia 16 de dezembro de 2007. Então, por que você não garante logo o seu ingresso e, assim, sua viagem rumo ao passado?
Exposição O outro lado do baile
Museu Histórico Nacional
Praça Marechal Âncora s/n°, Centro, Rio de Janeiro/RJ.
De terça a sexta-feira, das 10h às 17h.
Sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h.
R$ 6 (inteira)
Estudantes pagam meia-entrada.
Crianças até cinco anos, alunos e professores das escolas públicas, além de maiores de 65 anos, não pagam.
Aos domingos, a entrada é franca.