A partir dos relatos que fez, estima-se que Heródoto tenha conhecido a Líbia, Assíria, Egito, Cítia (sul da Rússia), Lídia (na Turquia), Babilônia, Macedônia, Pérsia, Mesopotâmia e vários outros lugares da África e Europa. Mas como não havia passaporte naquela época, não podemos saber com precisão. Pelo que Heródoto relata, sabemos que ele não esteve em todos os lugares que descreveu. À medida que a localização vai ficando mais longínqua, mais fantasiosa se torna sua descrição. O historiador descreve, por exemplo, alguns povos da África com a cabeça localizada no peito.
Seguindo o caminho de outros intelectuais helenos, Heródoto foi para Atenas, centro cultural da Hélade (Grécia antiga). Sua obra tornou-se conhecida quando ele fez uma leitura pública nessa cidade. Pode-se concluir que o público para o qual Heródoto escrevia eram os helenos, mais especificamente os atenienses, pois muitas vezes sua narrativa inferiorizava os outros povos que descrevia para exemplificar o diferente. Segundo os livros, quando falava dos persas — inimigos dos helenos –, se referia a eles como ‘bárbaros’. Já quando descreveu os egípcios, povo pelo qual tinha grande admiração religiosa, Heródoto exaltou sua cultura.
Naquela época, Atenas era conhecida como a cidade do ver e ouvir e o conhecimento era transmitido oralmente. Heródoto leu seus manuscritos para uma platéia de atenienses e ganhou pelo seu trabalho um prêmio de 10 mil talentos, moeda utilizada em Atenas naquela época. Hoje, essa quantia valeria muito dinheiro!
Do livro 1 ao livro 5, Heródoto descreve o passado e o período anterior às guerras greco-pérsicas. Do 6 ao 9, relata a história das guerras, que também foram chamadas de Guerras Médicas, já que os gregos consideravam que os medos (povo subordinado ao domínio persa) e os persas formavam o mesmo povo.
O historiador ficou impressionado com a organização do exército persa. Apesar de composto por diversos povos de línguas e culturas diferentes, era unido e comandado por um só líder. Já no exército grego, composto de cidadãos de mesma língua e religião, os soldados eram politicamente divididos e disputados por seus diversos comandantes. Essa diferença tinha que ser explicada aos leitores e, para isso, ele acabou descrevendo o crescimento e a organização do império Persa — sua geografia, estrutura social e história –, sendo o primeiro historiador a fazer um elo entre a geografia e a história.
Heródoto tinha muita habilidade e talento para narrar histórias. Em seus livros, para enriquecer a descrição do povo persa, ele incluiu contos de origem oriental, lendas e tradições folclóricas. Ao longo de suas viagens, Heródoto coletou informações sobre costumes, mitos e histórias dos diversos povos e culturas que conheceu. Ele relatava suas impressões em primeira pessoa e transcreveu para o livro alguns discursos dos líderes dos lugares pelos quais passou e diálogos de nativos dessas províncias. Essa técnica, que foi uma inovação, existe até hoje na historiografia — estudo das obras históricas (tradições orais e obras escritas) realizadas ao longo do tempo.
Heródoto nasceu aproximadamente em 484 e morreu por volta do ano 420 antes de Cristo, em Túrio, cidade no sul da Itália. Como naquela época não havia registros de nascimento e morte, não podemos precisar essas datas.