O que é, o que é: alto como uma girafa, comprido como um crocodilo e pesado como um elefante? Nada mais, nada menos do que o mais novo dinossauro brasileiro descrito pela ciência: o Pycnonemosaurus nevesi , apelidado de ‘Grande Caçador’.
Seus fósseis foram descobertos por trabalhadores de uma fazenda do Mato Grosso há cinqüenta anos e encaminhados pelo pesquisador brasileiro Llewellyn Ivor Price ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Eles ficaram guardados lá até 2000, quando os paleontólogos Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Diógenes de Almeida, do próprio DNPM, começaram a estudá-los.
Observando dentes, costelas, ossos dos membros posteriores e vértebras da cauda do ‘Grande Caçador’, os cientistas tentaram descobrir um pouco mais sobre as características e os hábitos dessa espécie. Os pesquisadores estimam que o animal medisse de três a quatro metros de altura e seis a sete metros de comprimento. Com esse tamanho todo, o peso não podia deixar por menos: cerca de duas toneladas!
Evidências como o formato dos dentes encontrados mostram que se trata de um carnívoro, o primeiro de grande porte descoberto no país. O P. nevesi ocupava o topo da cadeia alimentar, ou seja, alimentava-se de outros animais de médio e grande porte. Essa característica o coloca ao lado de grandes predadores famosos como o Tyrannosaurus rex.
Além disso, a equipe de cientistas desconfia que os animais dessa espécie viviam em grupos e se uniam para derrubar grandes presas — como os dinossauros herbívoros de grande porte –, embora brigassem entre si pela conquista de territórios e fêmeas. “Podemos deduzir isso por meio de comparações dos fósseis com os animais de hoje em dia”, explica Kellner, que participou da descrição e da classificação da nova espécie.
Pelo estudo das camadas do solo onde os fósseis foram encontrados, os paleontólogos concluíram ainda que o ‘Grande Caçador’ viveu entre 70 e 80 milhões de anos atrás, pouco antes da extinção completa dos dinossauros.
Kellner ressalta que a descoberta do P. nevesi é mais um passo para desvendar a pré-história do Brasil, onde apenas dez espécies de dinossauro foram descritas — um número pequeno se comparado às 1500 já identificadas no mundo. “Em um país tão grande, devem ter existido muitos outros dinossauros”, aposta.
Os pesquisadores prepararam uma exposição no Museu Nacional com um modelo em escala do P. nevesi e desenhos elaborados por Maurílio de Oliveira que ilustram o ‘Grande Caçador’ em ação. Quem passar por lá vai poder conferir também os fósseis estudados. A exposição deve ficar em cartaz até novembro e o Museu Nacional fica na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. As visitas podem ser feitas de terça a domingo, das 10h às 16h30. A entrada custa R$ 3, mas o passeio é gratuito para menores de 10 e maiores de 65 anos.