O dinossauro cearense

Esqueleto reconstituído do Santanaraptor placidus

Que tal fazer uma viagem no tempo de 110 milhões de anos? Vamos para a Chapada do Araripe, no Ceará, uma região que nessa época era povoada por dinossauros! Use a imaginação e você vai ver um deles andando faminto: é o jovem Santanaraptor placidus , com 1,68 metros de altura. Esse dinossauro precisa encontrar algo para comer com urgência! Afinal, ele está em fase de crescimento e, se não se alimentar corretamente, nunca atingirá seu tamanho de adulto (2,5 metros de altura).

Por isso, é preciso procurar algum prato delicioso, como a carcaça de algum dinossauro morto, sapos primitivos ou mamíferos. O Santanaraptor é carnívoro, ou seja, só come carne. Já imaginou o trabalho que dá caçar todo dia para o almoço? Haja disposição e agilidade, não é mesmo? Pois isso o Santanaraptor tem de sobra. Ele é extremamente ágil e veloz, pois seus ossos são parcialmente ocos, o que diminui seu peso.

Um dia, esse Santanaraptor , que andava pelo Ceará, morreu. Talvez ele já estivesse doente ou tenha sido atacado por algum dinossauro maior. Seu corpo foi parar no fundo da Laguna do Araripe, um ambiente rico em fosfato. Esse mineral ajudou a conservar o esqueleto do dinossauro. Quando os restos de um animal morto não são decompostos por bactérias, eles se tornam fósseis, que podem ser conservados por milhões de anos.

O Tyrannosaurus rex (acima) surgiu de uma evolução do grupo a que pertenceu o Santanaraptor

Foi o que aconteceu com o Santanaraptor. Seus fósseis se conservaram até os dias de hoje, e foram descobertos em 1991 por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse foi um achado muito importante, pois o Santanaraptor placidus era uma espécie de dinossauro que ninguém conhecia ainda. Os pesquisadores descobriram que ele pertencia a um grupo que, milhares de anos depois, evoluiria e daria origem a espécies como o Tyrannosaurus rex , um dos mais temidos dinossauros carnívoros.

Os cientistas ficaram impressionados porque não só os ossos do dinossauro estavam fossilizados, mas também os tecidos chamados moles, como fibras musculares, vasos sangüíneos e pele. Isso não quer dizer que foram encontrados restos de carne do dinossauro: os lugares em que ficavam os tecidos moles foram preenchidos por minerais e permitiram que os pesquisadores vissem como eram esses tecidos e onde eles se localizavam. Depois de encontrar os fósseis, os cientistas puderam reconstituir o esqueleto do Santanaraptor.

Matéria publicada em 07.08.2000

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Mara Figueira

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