O autor e o pé dos bichos

Ângelo Machado é zoólogo especialista em libélulas e autor de livros infantis.

“Hoje, aos 78 anos, curto minha velhice com teatro, literatura infantil e libélulas”. É assim que Ângelo Machado enxerga a sua vida. Ele conseguiu unir arte e ciência e trabalhar com as duas coisas ao mesmo tempo. Escritor, já lançou 35 livros infantis. Sua última aventura foi juntar bichos, pés e sapatos em sua obra O livro do pé, lançada pela Editora Lê. Em entrevista para a CHC Online, Ângelo conta um pouco mais sobre sua carreira e seu novo livro.

CHC: Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre os pés dos bichos?
Ângelo:
Em 2003, fui procurado pela empresa Marissol Calçados, que queria colocar um de meus livros como brinde dentro das caixas de sapato. Gostei da ideia, pois nem em todas as casas entram livros, mas em todas (ou quase todas) entram sapatos. A solução foi por os livros dentro das caixas de sapatos. Então, escrevi O livro do pé especialmente para isso. A versão agora lançada pela Editora Lê é baseada na primeira, mas acrescentei mais coisas. Desta vez, foi possível um tamanho maior com ilustrações maiores feitas pelo Flávio Fargas, que ficaram muito boas.

CHC: No livro, você fala sobre vários bichos e seus pés. Por que cada bicho tem um pé diferente?
Ângelo: 
Durante a evolução, os pés de muitos animais se modificaram para se adaptarem a funções ou situações diferentes. Por exemplo: nos pés de muitas aves aquáticas há membranas entre os dedos, porque funcionam como remos; os pés do pica-pau são adaptados para subir no tronco das árvores sem cair; os pés do elefante são circulares e muito grandes porque dão mais estabilidade e têm que suportar o enorme peso do animal.

(i)O livro do pé(/i), de Ângelo Machado. Ilustrações de Flávio Fargas. Editora Lê.

CHC: E qual o pé mais curioso que você conhece?
Ângelo:
Os pés mais interessantes são dos psitacídeos, grupo de aves a que pertencem as araras e os papagaios. Cada ave desse grupo usa sempre o mesmo pé para se fixar e o outro para levar o alimento ao bico. A maioria faz isto só com o pé esquerdo. Mas tem uma espécie de arara cuja metade usa o pé direito para se alimentar e a outra metade usa o pé esquerdo. Não seria legal ter uma arara canhota?

CHC: O senhor é formado em medicina, zoólogo e o maior especialista em libélulas do país. Por outro lado, é dramaturgo e escritor de livros infanto-juvenis. Quando foi que decidiu juntar essas duas áreas?
Ângelo:
Fui muito influenciado pela família. Meu tio e minha tia foram renomados escritores e ela me influenciou para a literatura infantil. Minha prima Maria Clara Machado me entusiasmou para o teatro e meu pai escreveu apenas um livro (Menino Feliz), que foi premiado. Assim, o difícil é entender como surgiu o Ângelo cientista neste ambiente. Iniciei minhas atividades no teatro com o teatrólogo Jota Dangelo quando era estudante de medicina. Juntos, criamos o espetáculo humorístico teatral “Show Medicina” no qual fui ator, escrevi textos e dirigi peças de teatro.

A Rádio CHC já bateu um papo com Ângelo, confira!