O assustador livro vermelho

No final de 2014, foi publicado um dos livros mais aterrorizantes que nós já lemos: o livro vermelho. Não é uma história de terror comum, com monstros ou facas, e sim a lista dos animais brasileiros ameaçados de extinção. Pesquisadores estudaram 12.256 animais de todos os tipos e viram que quase uma espécie em cada dez está ameaçada. É como se, na sua turma de 20 amigos da escola, dois estivessem muito doentes. Horripilante? E tem mais: a maioria das espécies ameaçadas é de grandes animais, como tamanduás e tartarugas marinhas.

Quem não viu o limpa-folha-do-nordeste não vai ver mais: a espécie desapareceu do planeta. (foto: Carlos Gussoni)

Quem não viu o limpa-folha-do-nordeste não vai ver mais: a espécie desapareceu do planeta. (foto: Carlos Gussoni)

Para a elaboração do livro, os cientistas dividem as espécies em grau de risco – medido pelo número de animais que ainda sobraram, pelo tamanho do lugar onde eles vivem, por quantas famílias existentes ainda têm filhotes e pelo que os pesquisadores esperam que vá acontecer com aquele animal no futuro. As espécies mais ameaçadas são as da categoria criticamente ameaçada (CR, para os pesquisadores). Atualmente, há 318 dessa categoria no Brasil.

Depois, vêm as que estão em risco de extinção (EN), com 406 espécies, e as menos ameaçadas são consideradas vulneráveis (VU) – grupo em que se encontram 448 espécies brasileiras. Qualquer animal que se encaixe em uma dessas três categorias é considerado ameaçado, mas algumas espécies estão em situação ainda mais crítica: já foram totalmente extintas (EX) ou têm representantes apenas em zoológicos ou outros tipos de cativeiro (EW).

Confira, na galeria abaixo, exemplos de espécies de cada categoria:

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Antes de classificar os animais ameaçados, é preciso conhecer muito bem cada espécie e estudar a fundo suas características. Para isso, os autores do livro procuram as pesquisas já publicadas sobre cada animal (imagine fazer isso para mais de 12 mil bichos!), montam mapas de onde eles vivem e conversam com outros especialistas sobre o assunto. A última etapa é escrever o livro. Do começo ao fim, todo esse trabalho é feito em dois anos e envolve centenas de cientistas.

No Brasil, a instituição responsável por realizar esta pesquisa é Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Um trabalho ingrato, não acha? Mas muito importante. Afinal, conhecendo exatamente as ameaças à nossa fauna, podemos pensar em soluções para preservá-la.