Natureza sobre trilhos

A exposição Estação Natureza acontece dentro de vagões de trem em um centro cultural ligado à Universidade de São Paulo (foto: Antonio Carlos Carreiro/Fundação O Boticário).

Há um trem à sua espera em São Paulo. Ele aguarda o seu embarque para lhe mostrar a natureza brasileira sem sair do lugar. Será magia? Não, é apenas um dos atrativos da exposição Estação Natureza, que acontece dentro de vagões de trem na Estação Ciência.

Para mexer com os sentidos

Nos cinco vagões da mostra, há informações sobre os biomas brasileiros: regiões com afinidades climáticas e geográficas, onde espécies de animais e vegetais se desenvolvem e interagem. Estão lá Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal, Floresta com Araucária… Tudo de uma forma que mexe com os sentidos. Quem visita a exposição fica sob a temperatura da Caatinga, sente o cheiro da Mata Atlântica, vê vídeos e réplicas de animais e plantas.

Troncos e raízes das árvores do manguezal estão na mostra em forma de réplicas (imagem: Divulgação).

“O objetivo é mostrar aos visitantes a diversidade e a riqueza da natureza do Brasil e também ressaltar que, mesmo que estejamos vivendo em um centro urbano distante disso, ainda assim, temos uma relação de interdependência e estamos inseridos nesse contexto”, conta Roseli Lopes, diretora da Estação Ciência.

o litoral à Amazônia

A viagem pelos biomas começa com um vídeo que simula um passeio pelo litoral e apresenta os ambientes que há ali, como lagoas, praias e costões rochosos. Quem ganha destaque, porém, é o manguezal. Graças a réplicas, você pode ver os enormes troncos e raízes de suas árvores. A seguir, a pedida é saber mais sobre a Amazônia. Fotos de uma das suas maiores árvores chamam a atenção. É o angelim-vermelho, que pode chegar a 60 metros de altura, o equivalente a um prédio de 20 andares.

Alagados!

Da maior floresta tropical do mundo, você chega à maior planície alagável do planeta: o Pantanal. Na mostra, um vagão repleto de água o aguarda, assim como uma réplica do tuiuiú, a maior ave voadora do Brasil, que mostra como os bichos do Pantanal se relacionam com a área alagada. “As longas pernas dessa espécie evitam o contato de seu corpo com a água, bem como seu bico, longo e curvo, que facilita a captura de peixes e caramujos”, conta a bióloga Fernanda Paraná, da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, que coordenou a instalação da Estação Natureza em São Paulo.

No vagão inundado, dedicada ao Pantanal, uma projeção de imagens retrata a vida de animais em meio à água (foto: Antonio Carlos Carreiro/Fundação O Boticário).

Troncos retorcidos e ásperos

Já na parte dedicada ao Cerrado, o destaque fica por conta de espécies de árvores nativas, como o pequizeiro. Isso ocorre porque o Cerrado abriga a flora mais rica entre as savanas do mundo. Curiosamente, suas árvores têm troncos retorcidos e cascas ásperas. Características que são reproduzidas, na mostra, por réplicas e que estão ligadas à qualidade do solo do Cerrado, que é ácido, poroso e pouco fértil.

Temperatura da Caatinga, aroma da Mata Atlântica

No quarto vagão, dedicado à Caatinga, ajustes no ar-condicionado e iluminação fazem com que a temperatura seja semelhante à desse ambiente, um dos mais quentes do país. Já quando é hora de conhecer a Mata Atlântica, os visitantes têm a chance de sentir o seu cheiro. “Pesquisamos elementos típicos da Mata Atlântica, como a pitanga, a goiaba e animais como a queixada, que têm fragrância forte, e indicamos que eles poderiam ser usados como referência para a produção de uma essência que representasse esse bioma”, conta Fernanda Paraná.

Uma réplica do ninho da ema, uma das espécies encontradas no Pampa. Quem o constrói é o macho, que também choca os ovos (foto: Antonio Carlos Carreiro/Fundação O Boticário).

Bichos do pampa

A Estação Natureza apresenta ainda a Floresta com Araucária e o Pampa. A primeira é a parte da Mata Atlântica que ocorre no Sul do Brasil e em regiões de maior altitude de parte do Sudeste. Ela tem como espécie típica a Araucária, árvore que pode ser vista em forma de réplica na exposição. Já o Pampa é uma área do Sul do Brasil com vegetação baixa e rasteira. Na mostra, você pode conhecer seus animais, como o gato-palheiro, a ave tachã e o rato-do-banhado.

Para o bem do planeta

Mas a chegada ao Pampa não é o fim da exposição. O visitante recebe ainda dicas para preservar a natureza, gravadas por pessoas de diferentes partes do Brasil. O detalhe é que, enquanto as ouve, quem está na mostra se vê em espelhos, para que reflita sobre as suas atitudes com o meio ambiente. “Esperamos não apenas passar informações sobre fauna e flora, mas sensibilizar as pessoas para os cuidados que se deve ter com o planeta”, explica Roseli Lopes. “Certamente todos sairão da exposição não apenas com novos conhecimentos, mas também mais preocupados com a Terra e com as atitudes para preservar a riqueza natural.”

Exposição Estação Natureza
Mostra permanente da Estação Ciência
Rua Guaicurus, 1394, Lapa, São Paulo/SP.
De terça a sexta, das 8h às 18h.
Sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h.
R$ 2 (menores de seis anos, maiores de 60, portadores de necessidades especiais com um acompanhante, professores e funcionários da Universidade de São Paulo não pagam ingresso). No primeiro sábado e no terceiro domingo de cada mês a estrada é gratuita.

Matéria publicada em 06.04.2009

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Mara Figueira

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