Assim como você gosta de rabiscar um caderno, os habitantes do Brasil pré-histórico também tinham lá suas obras de arte – só que, há milhares de anos, o local escolhido para deixá-las eram as paredes de cavernas e rochas espalhadas por aí. Conhecidos como pinturas e gravuras rupestres, muitos desses desenhos estão preservados até hoje e vão sendo, aos poucos, descobertos pelos cientistas. Uma parte importante deles está no Mato Grosso do Sul, sabia?
Os primeiros desenhos rupestres foram descobertos no estado no começo do século passado. Porém, o primeiro estudo sobre eles só foi divulgado em 1975. De lá para cá, arqueólogos já descobriram pinturas e gravuras em 21 municípios do Mato Grosso do Sul – e é só o começo. Segundo o antropólogo Rodrigo Luiz Simas do Aguiar, da Universidade Federal do Grande Dourados, tudo o que já se descobriu representa menos de um terço do que ainda há por lá.
Entre as pinturas encontradas há obras com apenas uma cor e outras com várias cores. Há também diversas gravuras – figuras esculpidas nas pedras. Os temas dos desenhos, em sua maioria, são coisas do dia a dia da pré-história, como animais e seres humanos. Mas há também figuras mais abstratas, como formas geométricas.
Rodrigo conta que é difícil determinar com precisão a idade dos desenhos, mas os cientistas calculam que eles tenham sido feitos entre quatro e dez mil anos atrás. Em alguns locais, há vários desenhos uns sobre os outros, mostrando que povos de épocas diferentes escolheram o mesmo lugar para deixar suas obras.
O pesquisador explica, ainda, que as tintas usadas pelo homem pré-histórico e os locais escolhidos para desenhar são os responsáveis pela durabilidade das pinturas. “A maior parte delas foi feita com minerais que são bem absorvidos pelas rochas, preservando os desenhos”, explica.