Na cara do seu melhor amigo

Para conseguir que o modelo fizesse cada uma dessas caras, os pesquisadores usaram várias estratégias. A cara de alegria (foto) veio quando eles ofereceram a bola de borracha favorita de Mal. (foto: Bloom-Friedman)

Para conseguir que o modelo fizesse cada uma dessas caras, os pesquisadores usaram várias estratégias. A cara de alegria (foto) veio quando eles ofereceram a bola de borracha favorita de Mal. (foto: Bloom-Friedman)

Você chega em casa e lá vem seu cãozinho com cara de arrependido. Deve ter feito alguma besteira, você pensa. E, procurando, logo encontra uma almofada rasgada ou uns biscoitos meio comidos. Já passou por isso? Ora, todo mundo sabe que donos de cachorros são capazes dizer se seus animais de estimação estão tristes, alegres ou com medo – está na cara, ué! E uma pesquisa realizada nos Estados Unidos acaba de confirmar isso.

O experimento contou com a participação do cão policial Mal, um pastor-belga de cinco anos, e voluntários com ou sem experiência junto a animais de estimação. Os resultados mostraram que boa parte das pessoas é capaz de reconhecer as expressões faciais caninas.

Mal posou para uma sessão de fotos que capturou expressões faciais de medo, tristeza, raiva, nojo, alegria e surpresa. Depois de observarem as fotos, muitos dos participantes conseguiram interpretar as expressões do cachorro. Cerca de 90% das pessoas identificaram a cara de felicidade, por exemplo.

Para que o cão expressasse surpresa (à esquerda), apresentaram-lhe uma caixa de onde pulava um palhacinho. Para a cara de medo (à direita), foi só mostrar o temido cortador de unhas. Os participantes do estudo tiveram dificuldade de distinguir as duas expressões. (foto: Bloom-Friedman)

Para que o cão expressasse surpresa (à esquerda), apresentaram-lhe uma caixa de onde pulava um palhacinho. Para a cara de medo (à direita), foi só mostrar o temido cortador de unhas. Os participantes do estudo tiveram dificuldade de distinguir as duas expressões. (foto: Bloom-Friedman)

Um resultado interessante do experimento é que pessoas que não têm experiência com cachorros foram capazes de reconhecer melhor a raiva do que aquelas que têm um cão de estimação. “Os donos de animais acreditam que a raiva é muito menos comum do que de fato é. Já as pessoas sem contato com cães têm mais medo e, na dúvida, identificam o comportamento como agressivo”, diz a psicóloga Tina Bloom, que participou da pesquisa.

Nem sempre os donos de cachorros são as melhores pessoas para interpretar as expressões dos animais. A raiva, por exemplo, foi melhor identificada pelas pessoas que não possuíam cães. (foto: Bloom-Friedman)

Pessoas que não possuem experiência com cachorros identificaram a expressão de raiva com mais facilidade. (foto: Bloom-Friedman)

Os erros mais comuns de identificação das expressões faciais foram confundir medo com surpresa. Segundo a psicóloga, essa é uma associação apontada também em estudos que analisam o reconhecimento facial entre humanos e reflete a semelhança que existe entre as caras e bocas do cão e do homem.

“Assim como nós, quando os cães sentem medo, arregalam os olhos e chegam a cabeça um pouco para trás”, aponta Tina. “É comum confundir essa expressão com surpresa, pois são reações muito próximas. A surpresa pode rapidamente mudar para o medo se o que te surpreende é algo perigoso”. Interessante, não acha?