O Brasil todo prepara-se para mais uma eleição. Domingo é dia de seus pais, tios, avós, irmãos mais velhos, entre muitos outros brasileiros, votarem para prefeito e vereador. E você? Já sabe quais candidatos estão na frente da disputa pela prefeitura da sua cidade? Para descobrir, basta ligar a TV ou ler os jornais. Afinal, embora ninguém ainda tenha depositado o seu voto na urna, é possível saber com antecedência quais políticos têm a preferência dos eleitores. Como? Por meio das pesquisas de opinião!
Engana-se, porém, quem pensa que, para fazer pesquisas assim, basta sair às ruas perguntando em quem cada cidadão irá votar. Também não é preciso entrevistar todos os habitantes de uma cidade, estado ou país e nem mesmo uma grande quantidade deles. Na verdade, o mais importante é selecionar bem quem participará da pesquisa, pois as pessoas escolhidas, em conjunto, devem representar a cidade inteira – no caso de eleições para prefeito –, o estado – quando a votação é para governador – ou o país – se a escolha for para presidente da República.
Pesquisa de opinião: modo de fazer
Nas eleições municipais, por exemplo, é importante que o grupo de pessoas que participe da pesquisa inclua habitantes das diferentes regiões da cidade e que pertençam a diferentes grupos sociais. Isso quer dizer que não basta ouvir apenas os mais ricos, somente os mais velhos, apenas quem cursou faculdade ou ficar restrito às mulheres: para que a pesquisa de opinião retrate o que pensa a maioria da população, ela precisa ser feita com jovens, adultos e idosos; ricos, pobres e membros da chamada classe média; pessoas que têm diferentes anos de estudo, entre outras possibilidades.
“É preciso respeitar as amostras da população a ser estudada para que a pesquisa não tenha um falso resultado. E, para estabelecer essas amostras, são usados o sexo, a escolaridade, a idade e a renda como critérios”, explica Victor Hugo Gouvea, diretor do Data-UFF, um instituto de pesquisa ligado à Universidade Federal Fluminense.
Nesse sentido, é necessário estar atento, por exemplo, para que a quantidade de pessoas com determinada característica a participar da pesquisa seja proporcional à que existe na cidade de forma geral. Isso significa que, em um grupo formado por duas mil pessoas, submetido à pesquisa de opinião, metade não pode corresponder a idosos se, na cidade, as pessoas mais velhas formam uma fatia pequena da população, por exemplo. Para saber como é a população de um município, as empresas que fazem pesquisas de opinião utilizam dados oficiais, coletados por instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Tribunal Regional Eleitoral ou o Tribunal Superior Eleitoral.
Fazendo as entrevistas
Uma vez escolhido como deve ser o grupo de pessoas que participará da pesquisa de opinião, os funcionários dos institutos de pesquisas vão para a rua em busca de entrevistados ou, então, fazem visitas às residências. “No Ibope Inteligência, por exemplo, os pesquisadores vão de casa em casa”, explica Victor Hugo Gouvea. Eles trabalham em dupla e anotam o nome e o endereço do entrevistado para depois ser possível checar se as informação são verdadeiras. De cada 100 casas visitadas, o Ibope volta a 20 para conferir se o trabalho foi realizado com qualidade.
“Já no Datafolha, um outro grande instituto de pesquisa, as entrevistas são feitas na rua”, conta o diretor do Data-UFF. Nesse caso, um supervisor acompanha o trabalho dos pesquisadores, para garantir que eles estão respeitando os critérios de seleção por renda, escolaridade, sexo e idade estabelecidos anteriormente para os entrevistados.
Da boca do povo para os jornais, rádios e TVs
Depois de todos os dados serem obtidos e analisados, a pesquisa pode ser divulgada na televisão, no rádio, nos jornais e na internet, mostrando as preferências da população em relação aos candidatos. Ao lado dos resultados, porém, sempre é apresentado também o chamado erro amostral. Trata-se de uma margem de erro, que existe em toda a pesquisa, já que não se entrevistou toda a população, e que é calculada em função do tamanho do grupo entrevistado e dos resultados obtidos. “Quanto maior o número de pessoas entrevistadas, menor o erro amostral”, explica o professor Victor Hugo Gouvea.
Aliás, eis aí uma informação importante, que você deve guardar sobre as pesquisas de opinião: elas podem cometer erros em suas previsões, pois seus resultados não são números exatos, mas estimativas, ou seja, previsões. Apesar disso, se bem conduzidas, podem produzir um retrato bastante fiel das intenções dos eleitores.