Você já reparou que, quando vemos fotos e vídeos de outros lugares do mundo, como a Austrália, os bichos e as plantas desses lugares são completamente diferentes dos que vemos aqui no Brasil? Por aqui temos onças, capivaras, antas, jabuticaba, mandioca, entre outros animais e vegetais. Lá na Austrália existem espécies como canguru, ornitorrinco, coala, eucalipto… Mas por que os seres vivos do nosso país são tão diferentes dos que vivem na Austrália, ou em qualquer outro lugar do mundo?
Temos que pensar em várias coisas para responder essa questão: o que faz uma espécie sobreviver em um local e não em outros? Quando uma nova espécie surge, de onde ela vem? Qual a distância que uma espécie pode andar, voar, migrar? Ela pode ser levada por outras espécies? Que acontecimentos podem fazer uma espécie chegar a outros lugares? Vamos por partes…
Como na terra natal
Para começar: se pegarmos uma planta, por exemplo, da Austrália e plantarmos aqui no Brasil, o que precisamos saber para que ela sobreviva? Ora, precisamos conhecer as condições ambientais em que essa planta vive em seu local de origem – o tipo de solo, a temperatura, a quantidade de chuva e de luz solar. Se encontrarmos um local assim, então pode ser que essa planta sobreviva aqui. Mas há outro detalhe importante: se essa planta depende da interação com algum outro organismo para sobreviver, como um polinizador ou um dispersor de sementes.
Algumas espécies, de fato, ocupam novos hábitats. Um exemplo é o eucalipto, uma grande árvore australiana cultivada com sucesso no Brasil, em regiões com condições ambientais semelhantes às da Austrália. Agora, você deve estar se perguntando: se o Brasil possui as características necessárias para a sobrevivência dessa espécie, por que o eucalipto não existia aqui?
A resposta para essa pergunta está na capacidade de locomoção das espécies. Plantas como o eucalipto dependem de animais ou do vento para chegarem a outros locais. Se esses animais não conseguem viajar da Austrália até o Brasil, a planta não chega aqui. É verdade que o vento também poderia levar as sementes por longas distâncias, mas, se a semente for pesada – como no caso do eucalipto –, o vento não a levará muito longe.
Para os animais, o raciocínio é parecido. O canguru, por exemplo, não chega aqui porque a distância é muito longa. Além disso, existe um vasto oceano separando a América do Sul (onde o Brasil está) da Austrália, e os cangurus não conseguem atravessar oceanos, né!?
O surgimento das espécies
Os leitores mais curiosos ainda devem ter uma pulga atrás da orelha: por que os cangurus existem na Austrália e não aqui? E as onças, por que existem aqui e não na Austrália? A resposta é simples: evolução e origem das espécies!
Enquanto os ancestrais mais recentes dos cangurus viveram na Austrália, os ancestrais mais recentes das onças viveram aqui nas Américas. Vamos fazer uma comparação: se alguém me perguntar por que eu nasci em Belo Horizonte, vou responder: porque meus pais viviam aqui! Da mesma forma, as espécies de um local também dependem de onde seus ancestrais viveram.
Mas isso não quer dizer que animais e plantas só podem existir onde seus ancestrais existiram. As espécies podem se dispersar, como falei antes, sendo levadas por outras espécies (no caso das plantas) ou mesmo se movendo sozinhas (andando ou voando). Por isso, saber o quanto uma espécie é capaz de se movimentar também ajuda a entender por que ela vive em determinado lugar.
E vamos ser sinceros: a dispersão das espécies também conta com a sorte! Várias coisas acontecem na natureza por acaso, como um tronco flutuando em um rio. Se um animal, um lagarto por exemplo, subir em um tronco e esse tronco cair em um rio, o lagarto pode ser levado por muitos quilômetros de distância, pegando carona no tronco – pode até mesmo atravessar um oceano! Então, a sorte também pode ser parte do motivo pelo qual uma espécie de animal ou planta existe em um determinado lugar.
A área da ciência que estuda o porquê de os seres vivos estarem onde estão é chamada de biogeografia. Eu acho fascinante!