Macacos solidários

A floresta amazônica é o lar de muitos macacos. São tantas espécies diferentes que vivem lá! Normalmente, elas convivem em grupos – cada uma em seu próprio território. Mas agora cientistas descobriram que diferentes espécies de macacos podem compartilhar seu espaço umas com as outras!

O macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta é uma espécie endêmica, ou seja, que vive apenas em um pequeno trecho de floresta. Seu território é de aproximadamente 870 quilômetros quadrados – o que, pensando bem, não é muito. Cientistas acreditam que a espécie esteja passando por um processo natural de extinção (Foto: Fernanda Paim)

O macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta é uma espécie endêmica, ou seja, que vive apenas em um pequeno trecho de floresta. Seu território é de aproximadamente 870 quilômetros quadrados – o que, pensando bem, não é muito. Cientistas acreditam que a espécie esteja passando por um processo natural de extinção (Foto: Fernanda Paim)

É o caso do macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii). Quem diria? Ele foi visto dividindo seu território com o macaco-prego (Sapajus macrocephalus). “Percebemos que, entre as diferentes espécies observadas, o macaco-de-cheiro é o que mais compartilha seus recursos, como território e alimentos”, explica o biólogo Rafael Rabelo, do Instituto Mamirauá.

Para conseguir observar os macacos na floresta, os cientistas instalaram várias plataformas escondidas por entre as árvores, suspensas a cerca de cinco metros do chão. Nelas, colocaram bananas – que funcionavam como iscas para atrair os macacos.

Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta visitando a plataforma armada pelos pesquisadores (Foto: Projeto Saimiri)

Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta visitando a plataforma armada pelos pesquisadores (Foto: Projeto Saimiri)

Assim que um deles aparecia, uma câmera fotográfica automática registrava a visita. Dessa maneira, os pesquisadores puderam analisar se, nas fotos, os bichos apareciam sozinhos, em grupos da mesma espécie ou em grupos de diferentes espécies.

“Foi uma surpresa descobrir que o macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta estava mesmo dividindo seu território e seu alimento com o macaco-prego”, disse Rafael.

Na fotografia, o macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta (à esquerda) é visto com o macaco-prego (à direita). Eles estavam devorando as bananas deixadas pelos pesquisadores! (Foto: Projeto Saimiri)

Na fotografia, o macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta (à esquerda) é visto com o macaco-prego (à direita). Eles estavam devorando as bananas deixadas pelos pesquisadores! (Foto: Projeto Saimiri)

O biólogo explicou que, para observar ainda melhor os macacos, os pesquisadores usaram outra estratégia: assim que o animal se aproximava do cacho de banana, ficava temporariamente aprisionado em uma espécie de gaiola. Mas não se preocupe – ele ficava lá numa boa, só comendo bananas, até que os pesquisadores chegassem para estudá-lo de perto. Uma vez coletadas as informações sobre a espécie, ele era solto e voltava à sua rotina pela floresta.