Gêmea estelar

Ao ler que cientistas brasileiros haviam descoberto uma estrela gêmea do Sol, fiquei logo curiosa. Afinal, não sabia que nosso astro rei tinha uma irmã! Mas… O que isso significa e por que essa descoberta é importante?

Uma estrela é considerada gêmea de outra quando as duas têm massa e composição química muito parecidas. A procura por estrelas semelhantes ao Sol tem ocupado muitos astrônomos em todo o mundo e sete já foram encontradas. “Elas podem fornecer informações para estudarmos o passado, futuro e presente do Sol”, explica o astrofísico José Dias do Nascimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

José foi um dos descobridores da estrela CoRot Sol 1, que tem composição química, massa, rotação e temperatura quase idênticas às do nosso astro rei. Ela é a primeira gêmea encontrada com idade maior do que o Sol – cerca de dois bilhões de anos de diferença.

A estrela CoRot Sol 1 foi descoberta com a ajuda do satélite CoRot (à esquerda). Para estudá-la melhor, os astrônomos usaram o telescópio SUBARU, localizado no Havaí, Estados Unidos (Imagem cedida pelo pesquisador)

A estrela CoRot Sol 1 foi descoberta com a ajuda do satélite CoRot (à esquerda). Para estudá-la melhor, os astrônomos usaram o telescópio SUBARU, localizado no Havaí, Estados Unidos (Imagem: José Dias do Nascimento e colaboradores)

“Podemos considerar que o Sol, com seus 4,6 bilhões de anos, já foi uma criança e agora é um adolescente”, brinca o pesquisador. “Já a CoRoT Sol 1 é uma adolescente um pouco mais velha”. A vantagem é que, assim, a nova estrela pode dar pistas sobre o que vai acontecer com o Sol no futuro.

As primeiras observações já mostraram que, com o passar do tempo, a energia liberada pela CoRoT Sol 1 ficou muito mais intensa. O resultado? Bem, se havia alguma água nos planetas que orbitavam a estrela, ela deve ter evaporado todinha.

Segundo os cientistas, o mesmo deve acontecer com o Sol quando ele atingir a idade de sua gêmea mais velha. Então, é possível que toda a água presente na Terra evapore! Mas não precisa se preocupar: se os cálculos dos astrônomos estiverem corretos, ainda temos dois bilhões de anos antes que isso aconteça. Ufa!