Fofo e ameaçado

Ele parece um rato, mas é maior, mais peludo e tem uma mordida que dói um bocado. Não sabe de quem estamos falando? Então você precisa conhecer o tuco-tuco, um roedor encontrado apenas na América do Sul e que corre o risco de sumir do mapa!

Tuco-tuco da espécie 'Ctenomys flamarioni', que vive recluso no subsolo e detestamo ser incomodado. Também não gosta muito de luz, pois seus olhos são bem sensíveis. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Tuco-tuco da espécie Ctenomys flamarioni, que vive recluso no subsolo e detesta ser incomodado. Também não gosta muito de luz, pois seus olhos são bem sensíveis. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Segundo o biólogo Thales Freitas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a preocupação é maior em relação a duas espécies: Ctenomys flamarioni e Ctenomys lami. “No litoral gaúcho, elas já estão ameaçadas de extinção”, alerta.

Uma das principais ameaças aos tuco-tucos é o avanço da construção civil. Nas planícies litorâneas do Rio Grande do Sul, mais e mais casas estão sendo erguidas sobre os terrenos onde os tuco-tucos adoram cavar buracos e fazer tocas para morar. Engenhosos, eles constroem intermináveis redes de túneis que parecem labirintos subterrâneos e raramente saem de lá – apenas quando querem comer gramíneas ou para namorar.

Parente da capivara e da paca, o tuco-tuco mede cerca de 25 centímetros e tem pelagem marrom, podendo variar entre o bege-claro e o preto. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Parente da capivara e da paca, o tuco-tuco mede cerca de 25 centímetros e tem pelagem marrom, podendo variar entre o bege-claro e o preto. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Outra ameaça a esses roedores é a agricultura. Com cada vez mais áreas destinadas ao plantio de soja e eucalipto no estado, os solos ficam progressivamente mais degradados. Mau negócio para os tuco-tucos: alguns deles já têm dificuldade para encontrar um lugar seguro para viver em paz.

Exemplar da espécie Ctenomys minutus. Apesar de fofos, os tuco-tucos não são animais domesticáveis. Na verdade, é muito difícil mantê-los em cativeiro, pois é bem complicado recriar as condições naturais em que eles gostam de viver. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Exemplar da espécie ‘Ctenomys minutus’. Apesar de fofos, os tuco-tucos não são animais domesticáveis. Na verdade, é muito difícil mantê-los em cativeiro, pois é bem complicado recriar as condições naturais em que eles gostam de viver. (foto: Tatiane Noviski Fornel)

Na tentativa de evitar a extinção desses animais, Thales coordena o Projeto Tuco-tuco, que busca aumentar a população desses roedores na região Sul. Em nosso país, existem cerca de dez diferentes espécies de tuco-tucos distribuídas, principalmente, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Mato Grosso e em Rondônia.