Flores mutantes

Um dos quadros de Vicent van Gogh, no qual ele retrata girassóis selvagens – os que conhecemos – e alguns mutantes “duplamente floridos” (Foto: Steve Dorrington / Flickr)

Estamos acostumados a dizer que o girassol é uma flor, mas você sabia que, na verdade, ele é formado por um conjunto de flores? Essa estrutura recebe o nome de inflorescência e, no caso do girassol, é composta por dois tipos de flores: as amarelas, que estão na borda e parecem pétalas, e as que estão no centro e formam o miolo de cor escura. Esse padrão de organização, porém, pode não ser uma regra. Há mais de 200 anos, Vincent van Gogh pintou vários girassóis e alguns deles eram bem esquisitos…

Um grupo de cientistas da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, descobriu que uma alteração em um gene específico torna os girassóis tão esquisitos como os que foram pintados por Van Gogh.

Esse girassol mutante é chamado pelos cientistas de “duplamente florido”. Nesse caso, a mutação faz com que as flores do miolo se transformem em flores amarelas e alongadas como as que ficam na borda da inflorescência.

DNA

Os genes são estruturas que contêm as informações responsáveis pelas características de cada indivíduo. A cor da sua pele, dos seus olhos, a sua altura e todo o resto dependem da informação que está nos genes. O mesmo vale para uma bactéria, fungo, planta ou outros animais. Os genes fazem parte do DNA, que está presente nas células de todos os seres vivos. Saiba mais na CHC 122 (Ilustração: Wikimedia Commons)

De acordo com o biólogo Mark Chapman, um dos autores do estudo, esses mutantes dificilmente seriam encontrados na natureza, porque têm dificuldade de se reproduzir. Até agora, foram vistos apenas em cultivos onde a reprodução das plantas é auxiliada pelos produtores. “Eu imagino que Van Gogh comprou esses girassóis de um vendedor que estava plantando um estoque ou esbarrou com eles por acaso”, explica.

Observe a diferença entre os três tipos de girassol: da esquerda para a direita, você encontra o girassol selvagem, o duplamente florido e o tubular (Fotos cedidas por Mark Chapman)

Durante as pesquisas, os cientistas ainda se depararam com mais um mutante, chamado de “tubular”. Nele, outras alterações no mesmo gene têm o efeito contrário: fazem com que as flores da borda se pareçam com as flores do miolo – esse é ainda mais estranho!