Quando um bebê nasce em uma família, é uma festa: pais, avós, tios, todo mundo quer fotografá-lo! E quando nasce o filhote da maior ave de rapina do mundo, o gavião-real? Ah, aí a situação é diferente. Como estamos falando de uma espécie rara, que habita apenas florestas da América Central e do Sul, o filhote de gavião-real costuma chegar ao mundo sem flashes nem cliques. Mas não é que, pela primeira vez, o nascimento de uma ave dessa espécie foi registrado por um fotógrafo?
Na Floresta Nacional dos Carajás, no Pará, João Marcos Rosa clicou o nascimento de um filhote de gavião-real, além dos momentos que antecederam a sua chegada, como o namoro dos pais e o acasalamento. Também há fotos da mamãe gavião alimentando sua cria. Situações que nunca tinham sido flagradas por uma câmera fotográfica e que até mesmo são pouco conhecidas por cientistas que estudam a espécie. “Ninguém sabia muito bem como eram esses momentos da família de gaviões-reais”, conta o fotógrafo, que reuniu as fotos no livro Harpia. Produzido pela editora Nitro, a obra tem o título inspirado no nome científico da espécie: Harpia harpyja.
Rumo à aventura
Para registrar a maior ave de rapina do mundo ao lado de seu filhote, João viveu uma aventura. Primeiro, um grupo de pesquisadores, com a ajuda de moradores da área, localizou ninhos na região. Os mais acessíveis foram escolhidos para serem clicados. Ainda assim, foi preciso viajar de barco, helicóptero e fazer muitas caminhadas até chegar aos locais exatos. Para completar, João precisou usar técnicas de escalada para alcançar, por exemplo, o topo de uma castanheira de 35 metros de altura, vizinha de um ninho da ave de rapina, onde a visibilidade era a ideal.
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Ali, foi construída uma pequena plataforma de madeira, parecida com uma mesinha de cabeceira, para que João Marcos tivesse onde ficar com seu equipamento fotográfico, à espera da “família real”. Foram meses e meses, das seis da manhã até o fim do dia, nesse trabalho, que começou em 2005 e só agora terminou (clique na tela abaixo e assista a um vídeo que mostra como foi o trabalho desse profissional).
Álbum de fotos
Veja mais imagens do gavião-real.
Fotografar para preservar
Mas você pode estar pensando: um esforço tão grande só para tirar fotos de um filhote? Na verdade, é muito mais do que isso.
Segundo a bióloga Tânia Sanaiotti, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, esse trabalho é importante para que conheçamos melhor uma das espécies mais importantes da região. “Quanto mais soubermos sobre seus hábitos, mais fácil é ajudar a manter sua sobrevivência”, explica ela. Para você ver que um retrato pode representar muito mais do que uma simples lembrança!
Em risco
O gavião-real pode medir até dois metros da ponta de uma asa a outra. A derrubada de árvores com madeira nobre, como os jatobazeiros e as castanheiras, tem deixado a espécie sem lugar para fazer seus ninhos e procriar.