Famílias de preguiças

A pata da Eremotherium laurillardi, uma preguiça da família dos megaterídeos

As preguiças se dividem em três famílias: os megaterídeos, os milodontídeos e os megaloniquídeos. Na família dos megaterídeos estão incluídas as duas maiores espécies de preguiças terrícolas que já habitaram a terra. A Megatherium americanum – que, por pouco, não virou “elefante sul-americano” – se restringia a regiões de clima temperado, como o sul do Brasil. Já a Eremotherium laurillardi habitou as regiões onde hoje estão Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, El Salvador, México e sul dos Estados Unidos. Um indivíduo dessa espécie pesava cerca de cinco toneladas, media 6 metros – incluindo a cauda – e, quando se apoiava nas patas traseiras, podia atingir 4 metros de altura. Seus pés e mãos possuíam garras recurvadas e chegavam a 1,5 metro de comprimento. Os dentes, com até 4 centímetros de lado, eram permanentes, não ocorrendo, como acontece conosco, a troca de “dentes de leite” por definitivos. Imagine encontrar um rebanho desses gigantescos animais andando calmamente pelas planícies do cerrado! Seria assustador! Mas nós não precisaríamos nos preocupar, pois a alimentação dessas preguiças é composta, basicamente, de grama e folhas.

A família dos milodontídeos, que se espalhou pela América do Sul e América do Norte, vivendo habitualmente em regiões de clima temperado, possui várias espécies, agrupadas em duas subfamílias: os Milodontíneos e os Scelidoteríneos. O peso dos Milodontíneos variava de 1 a 3 toneladas. Suas principais diferenças em relação à Eremotherium laurillardi (megaterídeo) estão no crânio. A entrada da boca era muito larga e os dentes eram grandes e projetados lateralmente, fazendo com que tivessem uma aparência feroz. Já os Scelidoteríneos eram menores: pesavam de 400 a 600 quilos. A primeira espécie dos Scelidoteríneos foi descoberta por Darwin, na Argentina. Era um animal magro, com dentes de contorno variado e crânio alongado, seguindo a estrutura do corpo. No Brasil, já foram encontradas peças desta espécie no Rio Grande do Sul.

A família dos megaloniquídeos é uma das mais antigas entre as preguiças terrícolas. No Brasil, sabe-se que existiam duas espécies: a Iporangabradys colecti e a Nothrotherium maquinense. A Iporangabradys colecti pesava cerca de 300 quilos. Mas, até hoje, só se conhece o seu crânio. A outra espécie dessa família, Nothrotherium maquinense, tinha aproximadamente 50 quilos. Ela possuía cinco dedos nas mãos e pés, o que é raro entre as preguiças, pois, em geral, elas têm um número de dedos menor. Em compensação, tinham apenas 14 dentes. Apesar de ser a menor de todas as preguiças terrícolas encontradas no Brasil, a Nothrotherium maquinense é um marco da paleontologia brasileira, pois foi a primeira espécie encontrada no país.