Fábrica de tecidos

Imagine que você pudesse usar uma impressora para fabricar células, tecido muscular e, quem sabe, um coração inteiro. Isso ainda não é possível, mas cientistas estão trabalhando para que seja. Em vários países, pesquisadores já estudam como seria usar impressoras 3D para produzir órgãos do corpo humano.

Na Inglaterra, por exemplo, uma equipe de cientistas conseguiu imprimir pequenas bolinhas de células, com menos de um milímetro cada. Para isso, usou uma biotinta: algo como uma tinta especial feita com células-tronco embrionárias cultivadas em laboratório.

As células-tronco embrionárias têm a capacidade de se transformar em qualquer célula do corpo humano (Foto: Wikimedia Commons)

As células-tronco embrionárias têm a capacidade de se transformar em qualquer célula do corpo humano (Foto: Wikimedia Commons)

É claro que, daí até conseguir um órgão inteiro, há muito trabalho pela frente. As células-tronco em questão – presentes apenas nos embriões – são capazes de se transformar em qualquer outra célula do corpo humano, mas os pesquisadores ainda estudam como induzi-las a se transformar em tipos específicos de células.

“Os cientistas já sabem como transformar as células-tronco embrionárias em algumas células musculares e de outros tecidos do corpo, mas ainda não descobriram como gerar alguns tipos específicos de células desses tecidos e nem o órgão inteiro”, explica a biomédica Bruna Paulsen, do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias.

Imprimir partes do corpo humano em 3D, como uma orelha, por exemplo, pode ser uma realidade mais próxima do que você imagina (Foto: PLoS One)

Imprimir partes do corpo humano em 3D, como uma orelha, por exemplo, pode ser uma realidade mais próxima do que você imagina (Foto: PLoS One)

Mesmo assim, o uso da biotinta mostrou que é possível manipular essas células sem danificá-las. No futuro, os cientistas esperam produzir órgãos inteiros, o que eliminaria a necessidade de doadores para transplante.

Outra experiência bem sucedida com o uso de impressoras 3D foi desenvolvida nos Estados Unidos: um grupo de pesquisadores imprimiu uma orelha! Para isso, eles usaram como exemplo a orelha de uma criança de cinco anos. Ela serviu para fazer uma espécie de molde digital, que foi impresso em três dimensões usando como material principal o colágeno – proteína que forma as cartilagens de nosso corpo.

Depois, inseriram no molde células de cartilagem de uma vaca, que se multiplicaram, formando uma nova orelha. O próximo passo é estudar a possibilidade de usar células humanas.

Se tudo isso der certo… já pensou?