Você conhece o periquito-cara-suja? Ele recebe o nome científico de Pyrrhura griseipectus e está ameaçado de extinção – até hoje, só tinha sido encontrado na serra do Baturité e nos arredores de Quixadá, dois municípios que ficam no Ceará. No entanto, acaba de surgir uma esperança para a espécie: um novo bando do periquito foi visto recentemente em Ibaretama, outra cidade cearense.
O grupo foi encontrado por pesquisadores da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), uma organização não governamental que luta pela conservação de várias espécies. Segundo os pesquisadores, o periquito sofre degradação de seu ambiente natural e é um dos alvos favoritos de traficantes de animais silvestres. Por essas e outras, o cara-suja é uma das aves mais ameaçadas da América.
Mas o achado do novo bando mostrou que a situação da espécie pode mudar. Agora, os pesquisadores pretendem estudar os exemplares de Ibaretama para descobrir se eles são semelhantes aos periquitos-cara-suja já conhecidos. Caso sejam, espécimes de outros lugares do Ceará poderiam ser introduzidos no habitat descoberto, aumentando a reprodução das aves e a perpetuação da espécie. “É isso que estamos tentando analisar agora”, diz o biólogo Fábio Nunes, da Aquasis.
Ninho artificial
Não é de hoje que o pessoal da Aquasis dá uma força para a preservação do periquito-cara-suja. Sabendo que uma das características da ave é fazer seu ninho em troncos ocos de árvores e que esse hábito é comprometido quando as matas não estão bem conservadas, os pesquisadores da organização vêm espalhando pela floresta caixas de madeira que servem como ninhos artificiais para os periquitos.
Essas caixinhas – chamadas de caixas-ninho – oferecem toda a segurança de que eles precisam e substituem os troncos das árvores que, infelizmente, já não são mais tão abundantes pelas matas onde vive o cara-suja.
Essa tem sido uma das principais estratégias para a conservação da espécie. Há cinco anos, os pesquisadores trabalham duro e caminham por aí em busca dos melhores locais para instalação dos ninhos. Fazendo isso, os pesquisadores contabilizam que essas novas casinhas já serviram de lar para pelo menos 250 periquitos-cara-suja. “Com um pouco de ajuda, o periquito-cara-suja pode sobreviver, pois ele se reproduz bem e é versátil em sua dieta”, completa Fábio.