Energia pura

Andar, respirar, suar. Essas situações simples do cotidiano agora podem ser aproveitadas para gerar eletricidade graças ao trabalho de pesquisadores de diversas áreas. É o corpo humano servindo de matéria-prima para gerar energia! Incrível, não é?

Um exemplo disso é o AIRE, aparelho desenvolvido pelo designer João Lammoglia, da Universidade de Tecnologia de Eindhove. O invento funciona como uma espécie de máscara que consegue aproveitar a energia gerada quando respiramos. “Ele capta a energia do deslocamento de ar (por meio da vibração) e também do calor da respiração”, explica o pesquisador. “Essa energia é armazenada em uma pequena bateria e pode ser utilizada como eletricidade.”

O AIRE é uma espécie de máscara que gera eletricidade a partir do movimento e do calor de nossa respiração (foto: João Paulo Lammoglia)

O AIRE é uma espécie de máscara que gera eletricidade a partir do movimento e do calor de nossa respiração (foto: João Paulo Lammoglia)

Em entrevista à CHC Online, João conta como a nossa respiração pode gerar eletricidade. “A energia nunca é criada, é sempre transformada”, diz. “Pensemos nos alimentos que ingerimos diariamente, são ricos em nutrientes e energia que quando ingerida, é transformada em um diferente tipo de energia (química), que então é transformada em mecânica, depois em cinética, responsável pelos movimentos do corpo humano”.

Isso significa que a energia da nossa respiração, presente tanto no calor do ar quanto no movimento de entrada e saída do gás em nosso corpo, pode ser transformada pelo AIRE em energia elétrica, que, por sua vez, será aproveitada para o funcionamento de dispositivos eletrônicos, como celulares e relógios.

Além do AIRE, o pesquisador trabalha em outros projetos de geração de energia, como o ETOYS, que consegue obter energia elétrica do movimento de brinquedos. Peões, ioiôs e o bolimbolacho são alguns dos objetos que podem gerar eletricidade.

 O bolimbacho é um dos brinquedos que podem gerar eletricidade. (foto: João Paulo Lammoglia)

O bolimbacho é um dos brinquedos que podem gerar eletricidade. (foto: João Paulo Lammoglia)

Os aparelhos criados por João ainda não estão à venda, mas há projetos bem legais que também usam o corpo humano como produtor de eletricidade e já saíram do papel. Um exemplo é uma quadra de futebol no Morro da Mineira, no Rio de Janeiro, que tem toda a sua iluminação gerada pelo movimento dos próprios jogadores. Telhas especiais instaladas embaixo do gramado transformam em luz a força da pisada de quem está em campo.

A quadra também conta com painéis que usam a energia do sol para ajudar a fornecer eletricidade aos holofotes. Além da vantagem de ser bem sustentável, com esse projeto, o futebol da galera está garantido mesmo que o fornecimento de luz caia na região.

Campo de futebol no Morro da Mineira recebeu tecnologia inovadora que transforma a pisada dos jogadores em energia elétrica para acender a luz. (foto: Divulgação / Pavegen)

Campo de futebol no Morro da Mineira recebeu tecnologia inovadora que transforma a pisada dos jogadores em energia elétrica para acender a luz. (foto: Divulgação / Pavegen)

Outro estudo interessante, desenvolvido na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criou uma tatuagem temporária capaz de usar nosso suor para produzir eletricidade. A tatuagem carrega uma bateria que reage com uma substância presente no suor humano e armazena energia elétrica.

Essa tatuagem tem uma bateria embutida e aproveita o nosso suor para produzir eletricidade (foto: Reprodução YouTube / American Chemical Society)

Essa tatuagem tem uma bateria embutida e aproveita o nosso suor para produzir eletricidade (foto: Reprodução YouTube / American Chemical Society)

Segundo João Paulo, muitos outros processos do nosso corpo são potenciais produtores de eletricidade. “Nosso metabolismo, nossa atividade cerebral, nossa pressão sanguínea e nosso batimento cardíaco são alguns dos exemplos de processos involuntários que poderiam gerar energia”, explica. “Nós mesmos somos a solução para a geração de energia.”