Coloque várias peças de dominó em pé, enfileiradas uma atrás da outra, e dê um peteleco na primeira delas. As peças vão se esbarrando e, uma a uma, caem. Esse movimento, conhecido como “efeito dominó”, pode se aplicar a muitas outras situações em que um determinado fato leva a uma série de consequências.
Na natureza, é comum observar isso. Plantas e bichos dependem sempre do ambiente ao seu redor e, se alguma coisa muda, é provável que muitas outras mudanças aconteçam em decorrência da primeira. Por exemplo: ao desmatarmos uma área, prejudicamos a vida de animais que vivem naquele habitat. Mas o efeito dominó pode ir ainda mais longe – você sabia que as consequências do desmatamento chegam até os oceanos?
Um estudo da Universidade de Macquaire, na Austrália, mostrou que recifes de corais são afetados pelo desmatamento que ocorre a quilômetros de distância. Isso porque a falta de vegetação faz com que uma maior quantidade de sedimentos seja despejada nos rios. O curso natural das águas leva terra e restos orgânicos até os oceanos, onde eles prejudicam a vida dos corais.
“Os sedimentos deixam o mar mais turvo e a redução da transparência da água limita a produtividade de algas e corais”, explica o biólogo Jean-Remy Guimarães, do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Abrolhos, a região que concentra os maiores recifes de corais do Brasil, já sofre esse efeito.
O resultado é uma espécie de “desertificação marinha”, que acaba diminuindo as populações de peixes. A redução é ruim não só para pescadores, mas também para quem trabalha com ecoturismo. “Quem vai pagar para mergulhar em um cemitério de corais?”, questiona Jean.
A solução para este triste problema você já deve imaginar qual é: evitar o desmatamento. Quanto mais árvores nas florestas, menos sedimentos nas águas dos rios e oceanos, o que significa mais recifes de corais, mais peixes, mais vida marinha… E, quem sabe assim, a gente não transforma o significado da expressão “efeito dominó” em uma coisa boa?