“Extra, extra! Sapo foge sem deixar rastros!” Pode parecer uma boa notícia para quem não curte esses anfíbios, mas muitos cientistas ficariam preocupados. Em 2009, pesquisadores ingleses observaram que sapos da espécie Bufo bufo fugiram de Áquila, na Itália, dias antes de um terremoto atingir a cidade. Em pouco tempo, quase 100 sapos sumiram do mapa – como se pudessem adivinhar o que estava por vir.
Antes que você pense que os sapos italianos arrumaram uma bola de cristal, é bom explicar que a previsão de terremotos é pura química. Um pouco antes de um tremor acontecer, o solo libera partículas que sobem para a atmosfera e se espalham rapidamente, podendo chegar aos locais úmidos onde os sapos vivem. “Essas partículas reagem quimicamente com a água e produzem substâncias tóxicas para os sapos, que se sentem mal e fogem para outro lugar”, explica Friedemann Freund, geofísico da Nasa (agência espacial norte-americana) que lidera a pesquisa.
Os cientistas descobriram ainda que não é só o sapo que fica esquisito antes do terremoto – outros animais, como peixes, cobras e até minhocas sofrem com as alterações causadas pelo pré-terremoto. As partículas liberadas pelas rochas também alteram o ar que respiramos, podendo causar náusea e dores de cabeça em muita gente. “Pessoas com disfunções cerebrais costumam se sentir muito mal dias antes do terremoto”, conta Freund.
Felizmente o Brasil está fora dessa, mas países como Japão, Chile e Estados Unidos sofrem bastante com os tremores de terra. Apesar de muitos estudos, os terremotos ainda não podem ser previstos pelos cientistas. Será que os sapos vão poder ajudar nessa empreitada?