Imagine uma grande reserva de florestas naturais preservadas. Agora, imagine vários pequenos trechos de áreas menores, espalhados por aí, que, somados, ficariam do mesmo tamanho de uma grande reserva. Para preservar a natureza, qual dessas duas estratégias será mais interessante? Difícil decidir, não é mesmo?
Na verdade, essa dúvida tirou o sono de muitos cientistas durante décadas, e a boa notícia é que já temos uma resposta. “A resposta é que a pergunta pode ser considerada ingênua”, diz o ecólogo José Luís Camargo, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “Para uma onça, o tamanho mínimo de uma floresta deve ser um; mas, para um besouro, por exemplo, pode ser outro”, explica o cientista.
Quando fragmentamos uma floresta – isto é, quando sobram apenas pequenos pedacinhos espalhados –, uma das principais consequências é a perda de espécies de aves e a morte de grandes árvores.
Por outro lado, a conservação de vários trechos de floresta fragmentada pode trazer benefícios. “Dependendo do local, esses pedacinhos de mata podem nos ajudar a manter a biodiversidade da região”, conta o ecólogo.
Depois de muito estudar, os cientistas concluíram que, em geral, o melhor mesmo é que sejam preservadas áreas extensas de floresta. Parece óbvio, mas saiba que essas informações não foram fáceis de conseguir!
Para entender essa complicada questão, os pesquisadores acompanharam, por mais de 30 anos, diversos trechos de florestas – contínuas e fragmentadas – que ficam a 80 quilômetros de Manaus, no Amazonas. O estudo, iniciado em 1979 (você não era nem nascido!), é o mais antigo projeto de conservação do Brasil e um dos mais antigos do mundo!