Baratas estão presentes no mundo há muito tempo – há registros de antepassados desses insetos com 150 milhões de anos. Ao longo da história, elas se adaptaram a diferentes ambientes, incluindo as nossas casas. Insatisfeitos, os humanos criaram muitos métodos para se livrarem das hóspedes indesejadas, como as armadilhas com veneno e glicose (um tipo de açúcar). Elas até resolveram o problema por um tempo, mas logo se tornaram ineficazes…
Cientistas decidiram investigar o porquê disso e notaram que as baratas desenvolveram aversão à glicose, o que acabava por salvá-las das armadilhas. Por causa de algumas alterações genéticas, os insetos passaram a sentir um sabor amargo em vez de doce ao comer esse nutriente. Assim, o que antes era saboroso e atrativo passou a ter um gosto bem ruim. Confira o vídeo do experimento:
Estamos diante de mais uma situação em que a teoria da evolução pode ser observada na prática. Com o uso das armadilhas de açúcar, as baratas que gostam de doce correm mais risco de serem eliminadas, enquanto as baratas que não se sentem atraídas por esse alimento (condição trazida ao acaso por uma mudança em seu DNA) têm menos chance de morrer nas armadilhas. Então, elas se reproduzem e passam aos seus filhotes a mesma característica genética. O resultado é que, cada vez mais, existem por aí baratas que não consomem glicose…
“Não sabemos ainda se o açúcar tem mesmo um sabor amargo para as baratas, mas notamos que ele ativa os receptores desse gosto”, conta o entomólogo Coby Schal, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, que participou do estudo.
Apesar de salvar a vida das baratas, essa aversão ao açúcar também tem uma desvantagem. Na ausência desse nutriente, elas crescem mais devagar. Mesmo assim, não gostar de guloseimas doces é uma característica que traz mais benefícios do que problemas para esses animais. Parece que vamos ter que arrumar outro jeito de deixá-los longe de nossas casas!