De pijama no museu

Reconstituição do esqueleto do Angaturama limai, dinossauro que viveu no Brasil há 110 milhões de anos. A réplica fará companhia a 20 crianças que dormirão, neste sábado, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (foto: Mara Figueira).

Você conseguiria dormir ao lado do esqueleto de um dinossauro carnívoro que viveu no Brasil há milhões de anos? Se importaria em fechar os olhos e partir para o mundo dos sonhos sabendo que múmias egípcias também descansam em uma sala próxima? Se essas duas possibilidades não lhe parecem amedrontadoras, mas, sim, empolgantes, saiba que você bem que poderia estar entre os 20 estudantes que irão dormir, neste sábado, dia 30 de maio, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

“É a primeira vez que um evento desse tipo é feito em um museu do Brasil”, conta a bióloga Luciana Carvalho, uma das organizadoras da iniciativa, que foi batizada com um nome muito simpático: De pijama no museu. Inspirado em eventos semelhantes que já aconteceram em instituições estrangeiras, como o British Museum, o De pijamas no museu conta com a participação de alunos com idade entre 9 e 10 anos do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Estudantes como Karina Braum, que está no quinto ano do Ensino Fundamental da instituição e, logo na primeira vez em que visitará o Museu Nacional, ficará lá para dormir. “Vou ter a oportunidade de conhecer mais sobre os dinossauros”, conta a menina de 10 anos.

(Ilustração: Ivan Zigg).

Atividades para animar a noite

Karina está certa. Antes de dormir ao lado do esqueleto do Angaturama limai, um dinossauro carnívoro de seis metros de comprimento que viveu no Brasil há 115 milhões de anos, serão realizadas atividades na sala dedicada à paleontologia – a ciência que estuda as formas de vida do passado, como os animais pré-históricos. Além disso, estão previstas a realização de uma oficina em que as crianças irão aprender a fazer objetos de cerâmica como os índios brasileiros e a apresentação de uma peça de teatro sobre o deus egípcio Osíris. Para completar, os alunos serão recebidos por atores caracterizados como os membros da família real portuguesa: D. João VI, Carlota Joaquina e D. Maria, a Louca. Isso porque, no passado, o prédio que hoje é ocupado pelo Museu Nacional era um palácio, que serviu de moradia para eles. “Às 21 horas, as crianças serão até convidadas a participar de um jantar bastante pomposo com a família real”, adianta Luciana Carvalho.

Renata Ferraz Aires, de 10 anos, não vê a hora de o evento começar. “Vou pegar a lanterna, andar pelo museu para ver tudo e ter as minhas professores explicando”, planeja. A mãe da menina, Heloísa, já separou o saco de dormir da filha e diz que até gostaria de estar no lugar dela. Um sentimento comum entre os pais. “Na reunião que tivemos com a organização do evento, nós até perguntamos: por que ninguém pensou em fazer Os pais de pijama no museu?”, conta ela, rindo. Veronika Braum, mãe de Karina, faz coro. Ela conta que, na infância, se tivesse a mesma oportunidade da filha, também não hesitaria em aceitar. “É uma experiência totalmente diferente da que qualquer outra criança possa ter”, explica ela, que mal pode esperar para reencontrar Karina no café da manhã que encerrará o evento na manhã de domingo. “Com certeza estarei ansiosa para saber tudo o que aconteceu”, diz.