De olho no meio ambiente

Pegar a câmera fotográfica, entrar em um helicóptero e espiar a cidade do Rio de Janeiro lá do alto. Deve ser um passeio incrível! Imagine quantas fotos bonitas seria possível tirar. Mas não é por diversão que o biólogo Mário Moscatelli repete esse ritual uma vez por mês nos últimos 17 anos.

Do alto, Mário flagrou a contaminação da praia da Barra por esgoto, sedimentos e cianobactérias (Foto: Mário Moscatelli)

Ele é o idealizador do Projeto Olho Verde, que tem como objetivo é registrar qualquer ameaça contra o meio ambiente para depois colocar a boca no trombone. Mário sobrevoa áreas da Baía de Guanabara, da Baía de Sepetiba, de Ilha Grande e da Baixada de Jacarepaguá e usa as fotos que tira lá do alto para fazer denúncias de problemas ambientais e reivindicar melhorias.

“É um verdadeiro caos em cada sobrevoo”, conta o biólogo. “Eu tiro foto de desmatamentos, de lixões e também do óleo, lixo e esgoto que são jogados nos nossos rios, mangues, lagoas, praias e baías”, diz.

Esgoto jorrando do Canal das Taxas para a Lagoa de Marapendi (Foto: Mário Moscatelli)

Mário divulga as imagens pela imprensa e em seu blogue, além de enviar o material para órgãos públicos de fiscalização. No entanto, muitas de suas denúncias não são verificadas pelas autoridades ou, quando são, demoram muito para serem resolvidas.

“Isso acontece em parte porque o poder público não tem pessoas e material suficientes para atender a grande quantidade de denúncias. Mas também acontece porque a maioria das pessoas na nossa sociedade não tem o hábito de cobrar os seus direitos dos governantes, o que inclui a preservação dos recursos naturais”, explica.

A multiplicação dos lixões, observada em Duque de Caxias, é outra ameaça ao meio ambiente (Foto: Mário Moscatelli)

Ainda assim, o Projeto Olho Verde reúne algumas conquistas. “Por causa das denúncias, lixões foram fechados na baixada de Jacarepaguá e sobre manguezais na região de Gramacho e Duque de Caxias”, conta Mário. “Também conseguimos reduzir lançamento de óleo e esgoto em rios, nas lagoas costeiras e na Baía de Guanabara”, completa.

O biólogo está empenhado em combater a degradação ambiental e acredita que todo mundo pode contribuir. “Não tenho dúvidas de que, se cada um fizer um pouco à sua volta, as coisas podem melhorar”, conclui Mário. Vamos fazer a nossa parte?