Maneiro, da hora, irado, prego, zoeira. Que gírias você costuma usar? Eu posso não saber quais são, e até ficar com cara de interrogação ao ouvir algumas, mas uma coisa posso afirmar: muito provavelmente você e seus amigos compartilham muito desse vocabulário, quer dizer, você e seus colegas da escola ou do bairro usam as mesmas palavras e expressões – isso é parte do que faz de vocês um grupo. Da mesma forma, os cachalotes de grupos diferentes também usam vocalizações próprias.
Uma equipe internacional de cientistas estudou a comunicação entre baleias desta espécie. Os pesquisadores analisaram gravações feitas ao longo de 18 anos nas águas do Pacífico Norte, próximo às ilhas Galápagos, no Equador, e viram que os cachalotes de diferentes grupos usam diferentes codas, unidades de linguagem que poderíamos comparar ao conjunto de gírias que cada grupo de humanos usa. Ou seja, para saber a que grupo um cachalote pertence, é preciso ouvir o que ele ‘fala’!
A maneira como cada cachalote se comunica tem a ver com características herdadas de seus pais, mas também com o que ele aprende no grupo em que vive. As codas são, para esses animais, uma maneira de reconhecer membros de seu grupo e trocar experiências com eles. Por isso, os pesquisadores acreditam que os cachalotes das Galápagos têm um repertório de vocalizações bem diferente dos que vivem nos Açores, em Portugal, por exemplo.
Tem mais: seguindo essa lógica, o estudo das codas gravadas em diferentes áreas, mesmo que próximas, podem revelar quantos clãs de cachalotes existem em determinada região e como eles interagem ente si.
Parece complexo, mas é exatamente como nós, humanos, agimos: falamos as gírias que nossos colegas de classe usam, e assim passamos a ser mais facilmente aceitos no grupo. Cachalotes e humanos têm muita coisa em comum!