Conheça os novos dinossauros brasileiros

Escultura do Trigonosaurus pricei, uma das novas espécies de dinossauros brasileiros (arte: Maurílio de Oliveira).

“Na região de Peirópolis, em Minas Gerais, há muitos fósseis de dinossauros.” A informação passada por um colega ao paleontólogo Llewellyn Ivor Price na década de 1940 possibilitou a coleta de vários fósseis de milhões de anos. Alguns desses materiais eram partes de duas espécies de dinossauros descritas agora por um grupo de pesquisadores do Rio de Janeiro – Alexander Kellner e Marcelo Trotta, do Museu Nacional; Diógenes de Almeida, do Departamento Nacional de Produção Mineral – e de São Paulo – José Bertini e Rodrigo Santucci, da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro.

“Por muitos anos Price – que era gaúcho, apesar do nome estrangeiro – foi à região de Peirópolis, perto da cidade de Uberaba, em Minas Gerais. “A ‘dica’ foi dada lá pelo ano de 1947, por Jesuíno Felicíssimo Junior, pesquisador do Instituto Geográfico e Geológico de São Paulo”, conta Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que participou da descrição das duas espécies.

O Baurutitan britoi e o Trigonosaurus pricei são os novos dinossauros brasileiros descritos. Eles eram corpulentos, com cauda e pescoço compridos e uma cabeça pequena – bem parecidos com os dinossauros que vemos em filmes de ficção. A diferença mais marcante entre as duas espécies está no tamanho e na cauda.

O T. pricei apresentava uma cauda robusta e longa, tinha 9,5 metros de altura e pesava oito toneladas. Já e o B. britoi era um pouco maior, com 12 metros de altura e dez toneladas de peso, porém sua cauda era mais curta e fina. Diogenes de Almeida Campos, do Departamento Nacional de Produção Mineral, participou do trabalho com o B. britoi e conta que fez visitas ao lado o próprio Llewellyn Ivor Price ao local em que foram encontrados os fósseis. “Visitei a região, trabalhei com Price e cheguei a coletar algum material que hoje possibilitou essa descrição”, comenta.

À esquerda, vértebras dorsais do Trigonosaurus pricei ; à direita, vértebras do Baurutitan britoi .

Os grandalhões eram herbívoros, ou seja, se alimentavam apenas de vegetais. Ambos viveram na Terra no período entre 80 e 90 milhões de anos atrás. Nesta época, Peirópolis era uma parte bem quente do nosso planeta, com pouca vegetação. Havia lá rios e lagos onde os animais iam beber água, com seus pescoços compridos.

No Brasil, já existem 15 espécies de dinossauros descritas, encontradas nas regiões do Rio Grande do Sul, Ceará e Minas Gerais. Essas análises e descobertas são muito importantes porque ajudam a montar o quebra-cabeça da fauna do país na pré-história. Até 1999, apenas quatro espécies de dinossauros haviam sido descobertas. De lá para cá, graças ao empenho dos paleontólogos brasileiros e a ações de popularização – como a exposição “No tempo dos dinossauros”, realizada em 1999, no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que chamou a atenção para o trabalho dos pesquisadores desta área – instituições de apoio à pesquisa financiaram alguns trabalhos e, assim, o número de espécies descritas aumentou quase quatro vezes.