Na natureza, os animais desenvolvem os mais variados e interessantes meios de escapar do perigo. Mas esse de que vamos falar hoje é demais: sabia que algumas espécies de cobras, lagartos e salamandras conseguem soltar sua própria cauda, caso algum outro animal consiga agarrá-la?
Salamandras e lagartos, por exemplo, conseguem fazer isso apenas com a contração de alguns músculos. Mas as cobras não: elas precisam se contorcer e girar em torno de si mesmas até romper a cauda!
O mecanismo foi estudado pelo biólogo Henrique Caldeira Costa, autor da coluna O nome dos bichos. Ele observou essa habilidade em duas cobras brasileiras, Drymoluber dichrous, típica da Amazônia e da Mata Atlântica, e Drymoluber brazili, que costuma aparecer mais no Cerrado e na Caatinga. A segunda espécie parece utilizar mais a estratégia de deixar a cauda para trás – os cientistas ainda estão tentando explicar o porquê. Uma explicação possível é que ela viva em áreas com mais predadores, outra, que esta espécie consiga escapar melhor dos inimigos, mesmo sem cauda.
Ao contrário do que acontece com algumas lagartixas, cujas caudas voltam a crescer depois de um tempo, nas cobras a perda é permanente e elas precisam aprender a viver sem a cauda, o que pode trazer muitos problemas. “Isso pode atrapalhar os machos na hora de conseguir uma parceira, diminuir a agilidade da serpente ou atrasar seu crescimento, conta o especialista. “Mas é melhor isso do que ficar sem a vida.” Faz sentido, não acha?
Henrique explica, ainda, que é preciso estudar mais o que acontece com o animal depois que ele perde a cauda. “Esse tipo de estudo é importante para conhecermos um pouco mais sobre como as cobras vivem e como se defendem.” Ainda há muita coisa interessante para descobrirmos sobre as serpentes brasileiras, disso não há dúvida!