Parques e seus mascotes

Áreas de proteção ambiental abrigam uma grande variedade de animais e plantas, além de outras riquezas naturais, como cachoeiras, rios, minerais e formações geológicas. Mas você sabia que, às vezes, uma única espécie da fauna ou da flora, quando considerada especial, pode justificar a criação de uma unidade de conservação?

No norte de Minas Gerais, o Parque Nacional das Sempre Vivas leva esse nome por abrigar uma das maiores concentrações dessa flor típica de regiões campestres. (foto: Junia Andrad / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

No norte de Minas Gerais, o Parque Nacional das Sempre Vivas leva esse nome por abrigar uma das maiores concentrações dessa flor típica de regiões campestres. (foto: Junia Andrad / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

Há vários exemplos no Brasil. Entre as espécies vegetais, podemos citar a belíssima araucária, árvore símbolo da região Sul e considerada criticamente ameaçada, que levou à criação do Parque Nacional das Araucárias, no estado de Santa Catarina. Em Minas Gerais, o Parque Nacional das Sempre Vivas protege os campos de altitude do Cerrado e leva o nome de uma das mais belas flores ali encontradas.

A araucária ou pinheiro-brasileiro (<i>Araucaria angustifolia</i>) é uma espécie criticamente ameaçada de extinção, mas que felizmente possui algumas áreas dedicadas à sua preservação, como o Parque Nacional das Araucárias, em Santa Catarina. (foto: Adrian Michael / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

A araucária ou pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia) é uma espécie criticamente ameaçada de extinção, mas que felizmente possui algumas áreas dedicadas à sua preservação, como o Parque Nacional das Araucárias, em Santa Catarina. (foto: Adrian Michael / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0)

Na região Norte é a castanha-do-pará que se destaca por sua importância econômica, já que garante o sustento de várias comunidades tradicionais da Amazônia. Várias áreas de floresta foram decretadas como reservas extrativistas (ou seja, áreas que protegem não apenas a natureza, mas também os meios de vida de populações que vivem da extração de produtos naturais), para garantir que as castanheiras e suas saborosas sementes persistam ainda por muitos anos.

Entre as espécies animais que inspiraram a criação de áreas protegidas, um dos exemplos mais interessantes talvez seja o da Estação Ecológica do Tripuí, próxima à cidade de Ouro Preto, que foi criada para preservar um raro animal conhecido como verme-de-veludo. Esta é uma das únicas áreas de preservação do mundo criada para proteger um invertebrado.

O Refúgio de Vida Silvestre Ilha dos Lobos é uma estreita laje rochosa próxima ao litoral norte do Rio Grande do Sul. Esta pequena ilha serve de área de descanso para indivíduos de lobo-marinho-do-sul (<i>Arctocephalus australis</i>) e leão-marinho-do-sul (<i>Otaria flavescens</i>) vindos da Patagônia, além de servir como ponto de passagem para golfinhos, baleias, aves e tartarugas marinhas. (foto: Lúcia Safi)

O Refúgio de Vida Silvestre Ilha dos Lobos é uma estreita laje rochosa próxima ao litoral norte do Rio Grande do Sul. Esta pequena ilha serve de área de descanso para indivíduos de lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) e leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens) vindos da Patagônia, além de servir como ponto de passagem para golfinhos, baleias, aves e tartarugas marinhas. (foto: Lúcia Safi)

Outro exemplo curioso é o Refúgio da Vida Silvestre Ilha dos Lobos. Situada no litoral do Rio Grande do Sul, a ilha, pouco maior que dois campos de futebol, é a menor unidade de conservação federal do Brasil. Embora pequena, ela tem importância fundamental como refúgio para mamíferos aquáticos, como lobos e leões-marinhos.

A ameaçada arara-azul-de-lear (<i>Anodorhynchus leari</i>) é uma das aves mais raras do mundo. Ela pode ser encontrada apenas no nordeste da Bahia, onde encontra proteção na Estação Ecológica do Raso da Catarina e na Estação Biológica de Canudos. (foto: Larissa Lacerda)

A ameaçada arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é uma das aves mais raras do mundo. Ela pode ser encontrada apenas no nordeste da Bahia, onde encontra proteção na Estação Ecológica do Raso da Catarina e na Estação Biológica de Canudos. (foto: Larissa Lacerda)

Podemos citar, também, a Estação Ecológica do Raso da Catarina, no norte da Bahia, que protege parte da caatinga onde vive a ameaçada arara-azul-de-lear. Mais recentemente, foi criado em Pernambuco o Refúgio de Vida Silvestre Tatu-Bola, criado para proteger o mascote da Copa do Mundo de 2014.

Mesmo quando uma unidade de conservação é criada para proteger uma planta ou um animal específico, todo o ecossistema em que eles vivem e as demais riquezas ali encontradas passam a ser protegidos também. Por isso, às vezes chamamos essas espécies de espécies-bandeiras, usadas como símbolos na luta por um bioma ou uma área especial. Ou podemos chama-las de “espécies guarda-chuva”, já que, com a sua proteção, estamos também protegendo outras espécies. E você? Se pudesse criar uma unidade de conservação, que espécie gostaria de proteger?

Matéria publicada em 29.01.2016

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    O mico-leão-dourado!

    Publicado em 11 de maio de 2019 Responder

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Vinícius São Pedro

Sou biólogo e, desde pequeno, apaixonado pela natureza. Um dos meus passatempos favoritos é observar animais, plantas e paisagens naturais.

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